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Se EUA não quiserem comprar algo nosso, vamos procurar quem queira, diz Lula sobre tarifas de Trump

Lula afirmou ao New York Times que o Brasil buscará novos parceiros comerciais caso os EUA mantenham as tarifas de 50%, criticando a postura de Trump e a falta de diálogo nas negociações

Lula: presidente deu entrevista ao NYT  (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

Lula: presidente deu entrevista ao NYT (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)

Publicado em 30 de julho de 2025 às 08h19.

Última atualização em 30 de julho de 2025 às 08h21.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou em entrevista ao New York Times nesta quarta-feira, 30, que o Brasil poderá buscar outros parceiros comerciais caso os Estados Unidos mantenham as tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros.

"Eu não vou chorar sobre o leite derramado. Se os Estados Unidos não quiserem comprar algo nosso, vamos procurar alguém que queira. Temos uma relação comercial extraordinária com a China. Se os Estados Unidos e a China quiserem ter uma Guerra Fria, nós não vamos aceitar. Eu não tenho preferência. Tenho interesse em vender para quem quiser comprar de mim — para quem pagar mais", disse.

Ainda segundo o presidente, novos parceiros comerciais têm demonstrado um apetite crescente pelos produtos brasileiros, e que o país seguirá buscando relações comerciais que tragam benefícios econômicos para os brasileiros. Lula disse ao NYT que o país buscará novos parceiros, "seja na Ásia, Europa ou América Latina". “Eu sou o presidente do Brasil, e vou defender os interesses do Brasil acima de tudo”, afirmou.

Trump e Bolsonaro

O presidente brasileiro também criticou a postura do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de condicionar a remoção das tarifas à interrupção do processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para Lula, questões comerciais não podem ser misturadas com disputas políticas internas. "Eu não posso enviar uma carta a Trump dizendo, ‘Olha, o Brasil não vai fazer tal coisa com Cuba se vocês não fizerem tal coisa conosco’", afirmou Lula. “Não vamos negociar como se fôssemos um país pequeno diante de um grande país. O Brasil vai negociar como uma nação soberana. Se Trump quer uma disputa política, vamos tratar como uma disputa política. Mas se ele quer falar de comércio, vamos sentar e discutir comércio”, disse.

Tentativas de diálogo frustradas com o governo dos EUA

Lula criticou ainda a falta de diálogo com o governo de Trump, ressaltando que, apesar de ter tentado estabelecer contato, não obteve resposta satisfatória: “Tentei fazer contato, mas até agora ninguém quer falar. O que está impedindo isso é que ninguém quer conversar”, explicou. Segundo o presidente, ele fez diversos esforços para tentar estabelecer uma linha de comunicação com as autoridades americanas, designando seu vice-presidente, ministro da Agricultura e ministro da Economia para que cada um pudesse tentar falar com seus homólogos dos Estados Unidos. "Até agora, não foi possível", disse Lula.

O presidente brasileiro também apontou que, ao não responder aos apelos do Brasil para negociações diretas, os Estados Unidos acabam dificultando o caminho para uma solução. "Eu pedi para fazer contato, mas até agora não foi possível. A falta de vontade para conversar está sendo o maior obstáculo nas nossas relações com os EUA", afirmou.

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