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Se 'acontecer o que estou pensando' o Brasil terá primeiro presidente eleito quatro vezes, diz Lula

Presidente fez aceno ao Congresso, mas deu recado eleitoral; ele também reforçou discurso por 'justiça tributária' e contra 'privilégios'

Lula na Petrobras: Em evento no Rio, presidente fala sobre reeleição, economia e relação com o Congresso (Ricardo Stuckert / PR)

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Agência o Globo
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Publicado em 4 de julho de 2025 às 15h40.

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O evento de anúncio de investimentos da Petrobras nesta sexta-feira, 4, virou palco para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comentar a crise com o Congresso. O petista acenou para uma conciliação com os parlamentares, sem deixar de dizer que "o governo não acabou", como alguns estariam pensando, e reafirmou que será um candidato forte à reeleição.

"Não quero nervosismo. Porque eu só tenho um ano e meio de mandato, tem gente pensando que o governo acabou. Mas eles não sabem o que eu estou pensando", disse. "Se preparem, porque se acontecer tudo que eu estou pensando, este país vai ter pela primeira vez um presidente eleito quatro vezes".

Ao comentar que parece haver uma "guerra" com o Congresso, o petista botou panos quentes e disse que aprovou "99%" do que mandou ao Legislativo.

"Sou muito agradecido pela relação que tenho com o Congresso. Até agora, neste mandato, o Congresso aprovou 99% das coisas que mandamos. Sou grato ao Congresso Nacional", afirmou. "Quando tem uma divergência, é bom, porque a gente vai, senta e negocia".

Justiça tributária e dificuldades no Congresso

Lula também aproveitou o evento para reforçar o discurso de "justiça tributária" que virou o novo mote do governo. No cenário de atritos com o Legislativo, reclamou da dificuldade de impor mudanças nos impostos do país.

"Este país muitas vezes foi governado por 35% da população. Governar para 100% é mais complicado, exige mais sacrifício, mais trabalho, compreensão, carinho", disse. "O que é duro é que as pessoas não querem ceder, quem tem privilégio não quer abrir mão dos privilégios".

A fala se deu depois que o presidente mencionou a tentativa de isentar do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil. Segundo Lula, a intenção dele era ampliar a medida para quem ganha até cinco salários mínimos, mas precisou reduzir a faixa.

Na sexta-feira, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou a suspensão dos decretos do Executivo envolvendo mudanças no IOF e também o projeto aprovado pelo Congresso que havia revogado a medida da gestão Lula. Com a decisão, fica mantido o estágio atual, em que as alíquotas do imposto permanecem as anteriores à elevação do tributo.

O ministro ainda designou uma audiência de conciliação a ser realizada no próximo dia 15 entre as presidências da República, do Senado e da Câmara dos Deputados, a Procuradoria-Geral da República, a Advocacia-Geral da União e as demais partes do processo. Após a audiência, ele vai analisar a manutenção ou não da decisão.

Lula defende indicadores macroeconômicos do governo

No evento da Petrobras, o petista fez uma defesa enfática dos indicadores macroeconômicos do Brasil no seu governo, citando o desemprego baixo e o aumento da renda, por exemplo.

"Não tem um número ruim da economia deste país além da taxa de juros alta. Herdamos uma pessoa (Roberto Campos Neto, ex-presidente do Banco Central) que tinha uma febre muito alta (para aumentar juros), e para curar essa febre demora", alegou.

Ministro Silveira apoia o discurso de Lula sobre justiça tributária

Quem ecoou o discurso do presidente foi o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia.

"O senhor tem enfrentado no dia a dia grandes desafios para fazer algo tão óbvio, que é a justiça tarifária. E também a justiça tributária. O senhor nada mais quer do que ver aqueles que mais precisam, que ganham menos, pagando menos, e aqueles que têm grandes desonerações, na maior parte das vezes desnecessárias, pagando mais",  afirmou o ministro, que pediu ainda que o Congresso "ajude a construir o Brasil que queremos construir".

Lula participou, no Rio, do anúncio de um pacote de investimentos em unidades de refino da Petrobras e da Braskem, no valor de R$ 33 bilhões até 2029. A estimativa é de geração de 38 mil empregos.

O evento foi realizado na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), na Região Metropolitana, uma das maiores do país. Compareceram ao lado do presidente os ministros Silveira, Esther Dweck (Gestão e Inovação) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos).

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