Nísia Trindade, ministra da Saúde (Walterson Rosa/MS/Flickr/Divulgação)
Agência de notícias
Publicado em 17 de março de 2024 às 17h37.
Unidades com forte ingerência política, os seis hospitais federais do Rio passarão por uma espécie de intervenção do Ministério da Saúde a partir desta segunda-feira, 18.
Depois que o GLOBO mostrou a pressão sobre a ministra Nísia Trindade por causa de uma portaria que centraliza cargos e funções no Departamento de Gestão Hospitalar (DGH), a pasta criou um comitê para discutir de forma mais ampla a reformulação da rede. Também preparou um edital para contratar 500 profissionais.
– Avaliamos que as unidades têm muitos problemas, não temos por que esconder isso. Elas sofreram deterioração muito agressiva nos últimos anos. Estive nessa mesma posição entre 2011 e 2014, e os hospitais hoje são muito piores do ponto de vista da performance do que eram antes – afirma o secretário nacional de Atenção Especializada à Saúde, Helvécio Magalhães.
O secretário do ministério foi designado para chefiar o novo comitê, que tem ainda o DGH, diversos setores da pasta e a superintendência do Rio, conforme antecipou ontem o colunista Lauro Jardim. O objetivo principal é implementar com mais calma a portaria, antes prevista para 14 de março, depois adiada para 8 de abril e agora com prazo menos rígido para entrar em voga, além de impor mudanças mais amplas nas unidades da rede.
Entre os pontos da portaria, a maior alteração envolve as compras realizadas pelos hospitais. No modelo atual, cada unidade tem autonomia quase total, o que acaba encarecendo produtos e despadronizando a rede.
– Esse processo de centralização de compras no DGH existia no nosso período anterior, mas no último governo foi transferido para cada hospital, e me parece que esse é o motivo principal para fechamento de leitos, falta de abastecimento, entre outros problemas – avalia Magalhães. – Tem também a questão de pessoal. Estamos com edital para contratar cerca de 500 profissionais de Saúde.
Dar tempo para as mudanças, diz o secretário, é importante para evitar riscos de piora no abastecimento, garantir a realização dos projetos vigentes e dar mais segurança jurídica às alterações. A suposta pressa para mudar o funcionamento das unidades foi um dos motivos que motivaram críticas à gestão Nísia por parte de setores sindicais e do PT, partido que tem influência em nomeações para os hospitais.
A atuação do chefe do DGH, Alexandre Telles, entrou na mira desses grupos. Com o reforço no processo de intervenção nas unidades, o ministério avaliza e dá uma nova chance a Telles, mas o secretário Magalhães afirma que “ninguém tem lugar garantido”, quando perguntado sobre possíveis trocas.
– Ele não tinha todos os instrumentos para melhorar a rede, já que todas as compras eram descentralizadas. Contamos com ele e vamos continuar avaliando cada equipe de direção de cada hospital. Ninguém tem lugar garantido.