Jair Bolsonaro. (Reprodução/AFP)
Gilson Garrett Jr
Publicado em 16 de julho de 2021 às 07h01.
Última atualização em 16 de julho de 2021 às 13h26.
Desde a última quarta-feira, 14, o presidente Jair Bolsonaro está internado para o tratamento de uma obstrução intestinal. Ele recebeu os primeiros atendimentos ainda em Brasília, e logo foi transferido para São Paulo, para mais exames e avaliar a possibilidade de cirurgia. Antes mesmo de pegar o avião rumo à capital paulista, ele postou uma imagem em suas redes sociais, deitado na maca, e ligado a vários equipamentos médicos.
A cena influenciou os últimos números da pesquisa EXAME/IDEIA de avaliação de governo. Para 51%, Bolsonaro é ruim ou péssimo. Na sondagem feita há uma semana, este número estava em 57%, o mais alto desde o começo do mandato, em 2019. Os que avaliam o governo como ótimo ou bom saíram de 20% para 26%. Os que avaliam como regular eram 22% na pesquisa do dia 8 de julho, e agora são 20%.
A pesquisa EXAME/IDEIA ouviu 1.258 pessoas entre os dias 12 a 15 de julho. As entrevistas foram feitas por telefone, com ligações tanto para fixos residenciais quanto para celulares. A sondagem é um projeto que une EXAME e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. Clique aqui para ler o relatório completo.
Maurício Moura, fundador do IDEIA, destaca que o estado de saúde de Bolsonaro influenciou a opinião pública. Ele ainda lembra de outros casos em que um chefe do Executivo passou por problemas médicos, ou precisaram ser internados, e a percepção das pessoas sobre o governo mudou.
“Percebemos uma sensação mais positiva dos entrevistados em função da internação do presidente. Vale ressaltar que os chefes de Estado quando hospitalizados melhoram sua popularidade. Exemplos recentes são o Boris Johnson, no Reino Unido, e o próprio Donald Trump, que apesar da derrota na eleição, subiu nas pesquisas quando teve covid-19. Sem mencionar as melhorias históricas de Ronald Reagan, quando foi operado após o atentado, e Dwight Eisenhower, depois de sofrer um ataque cardíaco”, afirma.
Essa mudança na avaliação foi sentida principalmente na região Sudeste, onde concentra a maior parte do eleitorado. Há uma semana, 57% dos moradores de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo achavam o governo ruim ou péssimo. Agora, este número é de 49%.
Mesmo no Nordeste, onde Bolsonaro costuma ter as maiores rejeições, os números mudaram. Na pesquisa do dia 8 de julho, 67% avaliavam Bolsonaro como ruim ou péssimo. Na mais recente sondagem EXAME/IDEIA, eles são 58%.
Entre os evangélicos, a parcela que mantém o apoio ao governo Bolsonaro desde o início do mandato, também houve uma variação do sentimento negativo. Há uma semana, 52% avaliavam o governo como ruim ou péssimo, e 37% como ótimo ou bom. Na pesquisa desta sexta-feira, 36% acham o trabalho do presidente ótimo ou bom, e outros 36% como ruim ou péssimo. Os que avaliam como regular saíram de 9% para 25%.
No último boletim médico divulgado pela Secretaria Especial de Comunicação Social, o presidente Bolsonaro segue internado no Hospital Vila Nova Star, e não tem previsão de alta hospitalar. “Bolsonaro está mantendo evolução clínica satisfatória. Desta forma, foi retirada a sonda naso-gastrica e planeja-se o início da alimentação para amanhã [sexta-feira]”, diz a nota enviada pelo governo.
O presidente já precisou fazer quatro cirurgias em decorrência da facada que sofreu durante a campanha eleitoral de 2018. Os dois primeiros procedimentos foram realizados logo após o atendimento de emergência, por conta de lesões nos intestinos grosso e delgado. Bolsonaro ainda fez mais duas operações, no começo e no fim de 2019.