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São Paulo extingue e altera linhas de ônibus

Neste ano, 54 linhas já deixaram de operar, de acordo com a SPTrans, processo que deve ser intensificado nesta semana


	Ônibus: segundo a Prefeitura, a mudança estrutural das linhas deve passar pela avaliação do uso do deslocamento dos passageiros, rastreável por dados do Bilhete Único
 (AGLIBERTO LIMA/VEJA SÃO PAULO)

Ônibus: segundo a Prefeitura, a mudança estrutural das linhas deve passar pela avaliação do uso do deslocamento dos passageiros, rastreável por dados do Bilhete Único (AGLIBERTO LIMA/VEJA SÃO PAULO)

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Da Redação

Publicado em 16 de outubro de 2013 às 09h19.

São Paulo  - Pedro Paulo Santos, de 67 anos, aguardou o ônibus de sempre no ponto perto de casa: 20, 30, 40 minutos. O tempo passou, e nada. O aposentado precisou usar outra linha.

Nas últimas semanas, milhares de passageiros se deparam com situação parecida em São Paulo. Isso porque a Prefeitura começou a extinguir e a fundir vários itinerários de ônibus, para "racionalizar" o sistema.

Neste ano, 54 linhas já deixaram de operar, de acordo com a São Paulo Transporte (SPTrans). O processo, acelerado nos últimos dias, deve ser intensificado nas próximas semanas.

O urbanista e consultor de Engenharia de Tráfego Flamínio Fichmann defende que toda mudança estrutural das linhas deva passar pela avaliação do uso do deslocamento dos passageiros, rastreável por meio dos dados do Bilhete Único.

"O que a gente precisa é olhar o sistema de transporte de maneira sistêmica, de fato. Assim, haveria a possibilidade de se fazer linhas expressas, semiexpressas, paradoras, secções ou extensões de linhas. Atender ao usuário de acordo com o que mais precisa", afirma.

"O restante é brincar de operar transportes, com modificações pontuais, que nem merecem ser avaliadas isoladamente. Não sou contra o lucro dos empresários, mas dá para conjugar com o interesse do usuário."

A linha 3124-10 (Cohab Fazenda do Carmo-Parque D. Pedro II), usada por Santos para ir do bairro José Bonifácio, na zona leste, até a região central, foi uma das que deixaram de existir em setembro, embora a demanda não tenha caído.


"Os ônibus estavam sempre cheios, não existe uma justificativa lógica para cancelá-la de repente", diz o vendedor Rodrigo de Freitas Andrade, de 37 anos, que mora na mesma região.

O percurso era feito pela Radial Leste. Agora, as linhas do bairro foram seccionadas, fazendo-as terminar na Estação de Transferência Itaquera, onde os usuários têm de pegar outro ônibus para seguir a viagem. Segundo Santos, a mudança - feita, além de tudo, sem aviso prévio - provoca mais cansaço. "A gente não acompanha ficar fazendo muita baldeação, não tem mais idade para isso."

Caso parecido aconteceu na zona sul. Para aproveitar a faixa exclusiva da 23 de Maio, as linhas que vinham da zona sul (pelas Avenidas 23 de Maio, Rubem Berta, Interlagos e Sabará) pela Brigadeiro Luís Antônio tiveram percurso alterado. A mudança foi informada.

A gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) tem divulgado que, com medidas como a adoção do bilhete único mensal (em novembro) e a criação de linhas noturnas (em 2014), pretende tornar a capital paulista mais acessível aos habitantes que moram em regiões afastadas do centro.

"Só que seccionar linhas não beneficia ninguém, somente as empresas de ônibus, que vão receber por mais passageiros transportados, já que a mesma pessoa será computada ao menos duas vezes, em vez de uma, para vencer o mesmo percurso", afirma Andrade. Ele levou o problema da região de José Bonifácio ao Ministério Público Estadual (MPE) na semana passada.

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