São Paulo: decreto de luto, segundo o governador, é em homenagem às famílias das vítimas (Ricardo Moraes/Reuters)
Clara Cerioni
Publicado em 6 de maio de 2020 às 13h02.
Última atualização em 6 de maio de 2020 às 14h00.
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), vai decretar a partir desta quinta-feira, 7, luto oficial no estado enquanto durar a pandemia do novo coronavírus. A medida será publicada no Diário Oficial do Estado.
Nesta quarta-feira, 6, o estado, que é o epicentro da covid-19 no Brasil, atingiu a marca de 3.045 mortes em decorrência da doença, uma alta de 7% em relação a ontem. A decisão, segundo o governador, foi tomada para homenagear os familiares das vítimas da doença.
Já o número de casos confirmados teve um acréscimo de 10%, chegando a 37.853 pessoas que contraíram a infecção.
"Gostaria de chamar atenção para os óbitos, para que as pessoas olhem para esses números e procurem se salvar em casa. Ficar em casa significa se salvar", disse o secretário de Saúde, José Henrique Germann.
O secretário informou, ainda, que a taxa de ocupação das UTIs segue em 67% nos hospitais do estado e 86% nos da capital. Há preocupação com esse índice, uma vez que novo coronavírus está se espalhando para cidades do interior de São Paulo.
O coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus, David Uip, alertou mais uma vez sobre a baixa taxa de isolamento, que há quase dez dias fica em torno de 47%.
Segundo Uip, com o aumento na velocidade dos casos no estado, o ideal seria agora um isolamento na casa dos 55%. Até a semana passada, a média suficiente era de 50%.
"Faço um reiterado apelo que a única arma que nós temos contra a doença é o distanciamento. Não temos medicamentos nem vacina curto prazo, mas a população precisa continuar se sacrificando", afirmou.
Já o governador voltou a sinalizar que não haverá nenhuma medida de flexibilização de isolamento, marcada para começar em 11 de maio, se a taxa de isolamento não subir para 55%.
O governador afirmou, ainda, que "o Brasil, infelizmente, corre o risco de se tornar o novo epicentro mundial do coronavírus". Segundo ele, "o vírus está se espalhando rapidamente para cidades menores em todo o País e, em São Paulo, o vírus também se expandiu, segundo dados do Comitê de Saúde, para o interior e o litoral".
Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Doria afirmou que "tem visto manifestações políticas inadequadas" e que o momento não é de "misturar eleição, partido e ideologias" nem de "fazer comício em cemitérios".
O governador não mencionou a participação do presidente da República em ato de protesto no domingo contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso. Para ele, "a politização da pandemia custa caro e custa vidas".
O governador elogiou o ministro da Saúde, Nelson Teich, após visita da pasta à cidade de Manaus. "O ministro teve a coragem de ir a Manaus para ver de perto o colapso da Saúde no Estado do Amazonas". Doria também parabenizou Teich pela "decisão acertada" de não afastar o isolamento social.
Mais cedo, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), afirmou que a sua gestão estuda tanto a hipótese de decretar o lockdown, com proibição efetiva de circulação de pessoas, quanto outras possibilidades no enfrentamento da pandemia.
Covas alertou para a constatação, da Secretaria Municipal de Saúde, de que a capital paulista está cada vez mais perto do pico de contágio pela covid-19.
Quando questionado sobre se há um critério objetivo para a prefeitura considerar que a paralisação total da circulação seria necessária, como, por exemplo a queda do índice de isolamento da população para abaixo de um certo porcentual, o prefeito respondeu que o critério é a recomendação da Secretaria Municipal de Saúde.
Apesar de mencionar os efeitos que um "lockdown" teria sobre a economia, Covas garantiu que cumprirá a orientação da pasta da Saúde. "Assim que a secretaria apontar que deve ser feito isso ou aquilo, nós faremos."
(Com informações do Estadão Conteúdo)