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São Paulo a pé (e em linha reta) é possível?

Pela 1a vez, um bairro paulistano vai testar a aplicação do conceito “walkability”, que mede a "caminhabilidade" e indica o quão bom a região é para o pedestre


	Buraco à vista: a lista de “pedras” no caminho de quem vive nos grandes centros urbanos é grande
 (Stella Dauer/Wikimedia Commons)

Buraco à vista: a lista de “pedras” no caminho de quem vive nos grandes centros urbanos é grande (Stella Dauer/Wikimedia Commons)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 15 de janeiro de 2014 às 11h22.

São Paulo – Buracos que se multiplicam, calçadas pequenas e insuficientes, falta de sinalização, ruas mal iluminadas à noite, nenhum banco à vista para descansar, dezenas de sacos de lixo no meio do trajeto que nos obrigam a andar pela rua...A lista de “pedras” no caminho de quem vive nos grandes centros urbanos costuma desanimar até os mais entusiastas do estilo de vida sustentável.

Mas uma iniciativa pioneira em São Paulo pode ajudar a melhorar a vida do pedestre. Pela primeira vez, um bairro da cidade vai testar a aplicação do conceito “walkability”, que pode ser traduzido como “caminhabilidade”. A ação, que acontece neste sábado (9), na Vila Madalena, procura responder a uma pergunta principal: o quão bom o bairro é para o pedestre?

O programa consiste em uma caminhada com moradores ou visitantes para medir diversos aspectos que fazem um bairro ser bom para o pedestre, e também busca informações para responder questões importantes sobre qualidade de vida nas cidades. Apesar de ser um dos bairros mais "cool" da cidade, com gente andando a pé e se encontrando nas ruas e praças, a Vila Madalena também tem problemas. Suas ruas inclinadas acumulam degraus nas calçadas, buracos e outros obstáculos para o caminhante, e os bares fazem com que as ruas estejam sempre lotadas de carro, com pouco espaço para um agradável e seguro ir e vir.

Como se mede a caminhabilidade

Ter muitas árvores é bom ou ruim? Há lugar para sentar no meio de uma caminhada? Arte de rua torna o passeio mais agradável? Se sente seguro andando no bairro? As calçadas são boas e a topografia ajuda? Essas e outras perguntas serão levantadas durante a caminhada, que sai às 15h do metrô Vila Madalena.

O passeio é capitaneado pelo Instituto Mobilidade Verde, que promove discussões sobre a ocupação do espaço público de forma sustentável, e os coletivos Sampapé, que faz caminhadas socio-culturais e o Conexão Cultural, realizador dos Walk Tours.

A partir dessa experiência, será montado um relatório que ficará à disposição dos moradores e dos gestores públicos. Essa metodologia também pode ser aplicada em outros bairros da cidade. A ideia é engajar, principalmente, a comunidade local, uma vez que são os moradores que mais sabem sobre os altos e baixos de seus bairros. “As cidades foram pensadas para carros ao invés de pessoas, e a gente não conhece o que precisa mudar de fato para o pedestre. Mas com caminhadas como essa nós descobrimos o que é preciso melhorar”, diz Manuela Colombo, do Conexão Cultural.

Com a iniciativa, São Paulo passa a integrar o “Global Conversation”, um projeto da Fundação Jane's Walk do Canadá, que aplica a Metodologia "Walkabilty". Também participam do Global Conversation as cidades de Toronto, Victoria, Cidade do México, Guadalajara, Tel Aviv, Johanisbourg, Calcutá, Ljbljana e Istambul.

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