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São nove as competições sem ingressos pagos no Rio-2016

Arquibancada flutuante na lagoa Rodrigo de Freitas, por exemplo, terá canoagem e remo sem custos aos espectadores

olimpiadas (Reprodução)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2016 às 13h00.

São Paulo -- Existe uma alternativa para quem quiser assistir in loco aos Jogos do Rio-2016 sem ter de desembolsar valores entre R$ 20, preço da meia-entrada para modalidades como vela e ciclismo, e R$ 4.600, custo do ingresso mais caro na cerimônia de abertura. Isso porque nove competições poderão ser acompanhadas sem despesa alguma.

Em março, quando a prefeitura do Rio decidiu não construir uma arquibancada flutuante na lagoa Rodrigo de Freitas, o prefeito Eduardo Paes (PMDB) deu uma declaração que incomodou muito a Federação Internacional de Remo. Ele afirmou que o local era um dos espaços democráticos da Olimpíada e, por isso, não pagaria para ver as provas de remo e canoagem.

"Uma parcela menor vai comprar ingresso, mas, se eu fosse cidadão e não trabalhasse como prefeito, eu falaria ‘não gaste com isso’. Vá assistir na beira da lagoa, tomando sua cervejinha com a família. Bota uma cadeira de praia e vê o remo de graça."

Se causou desconforto entre dirigentes esportivos, a ideia de não gastar para ver os Jogos Olímpicos deverá ser adotada por parte da população.

Na região central, numa faixa de terra atrás do aeroporto Santos Dumont, com a Baía de Guanabara dos dois lados, um trio de pescadores de mariscos já confirmou que deixará o trabalho de lado para ver as competições de vela.

Diariamente, Gabriel Macedo, Wilton Targino da Silva e Antônio Nascimento chegam ao local por volta das 6h para uma jornada de 12 horas em busca de mariscos. A rotina se repete há pelo menos 20 anos para Macedo, mas em agosto ele dará uma pausa.

"Vou trazer meu banquinho, minha família, talvez uma cachacinha mineira, e assistir às provas daqui", disse o marisqueiro, de 50 anos, enquanto apontava ao fundo para os velejadores que treinavam na baía. Ele mora no complexo de favelas da Penha, área pobre da zona norte do Rio.

No Forte de Copacabana, a 12 quilômetros do aeroporto - passando pelo Aterro do Flamengo, um dos trechos da maratona olímpica -, a aposentada Nina Santos, 70 anos, também se mostrou entusiasta das provas gratuitas. "Acho importantíssimo. Já que trouxeram os Jogos, pelo menos assim você não discrimina quem pode pagar de quem não pode", afirmou.

Da praia mais famosa do País será possível assistir às provas de maratona aquática, triatlo e a largada do ciclismo de estrada, que passará ainda por outros bairros da zona sul antes de subir até a Vista Chinesa, no Alto da Boa Vista.

PROVAS AO AR LIVRE SÃO VITRINE DE MODALIDADES

As provas ao ar livre também servem como vitrine para alguns esportes nos Jogos Olímpicos do Rio. A expectativa dos atletas brasileiros é de que o público ganhe familiaridade com as modalidades.

"Muita gente não conhece de fato o triatlo. A partir do momento que as pessoas puderem ver de perto a emoção que é o triatlo, vai ajudar o esporte a crescer e a ter mais praticantes", afirma Pâmella Oliveira, que representará o Brasil na Olimpíada pela segunda vez.

O triatlo combina natação, ciclismo e corrida. No Rio, as três etapas ocorrerão em Copacabana aos olhos dos torcedores. O Forte é um bom mirante para a natação, que será disputada em mar aberto. Os trechos de ciclismo e corrida podem ser observados da orla da praia.

A avaliação dos competidores no evento-teste, em agosto do ano passado, foi positiva. No entanto, alguns atletas reclamaram do asfalto irregular de Copacabana, que pode interferir no resultado. Também ficou a promessa de melhorar a visibilidade do público que acompanhava a competição da areia.

Do ponto de vista de Pâmella, o circuito dos Jogos Olímpicos está bem completo. "A natação em mar aberto com suas particularidades e com a largada da areia. O ciclismo desde a orla da praia até uma subida dura e uma descida muito técnica. E depois a corrida rápida na orla da praia, mas também com muito calor, o que causa desgaste. Vai ser uma prova muito interessante", projeta a triatleta.

Mas não será apenas na região de Copacabana que o brasileiro poderá aproveitar a Olimpíada "catraca livre" no Rio. A praia do Flamengo será referência para quem quiser acompanhar as regatas da vela. Quem dá a dica é a atleta Patrícia Freitas, da classe RS:X.

"Vai ser uma experiência única porque a geografia da Baía de Guanabara permite que o público enxergue a raia de lado, muito mais legal que de cima ou de baixo. Nossa raia é quase paralela à praia do Flamengo."

As competições serão distribuídas em seis raias - Ponte, Escola Naval, Pão de Açúcar, Copacabana, Niterói e Pai - de acordo com as características de cada classe. Patrícia explica que sua categoria tem prioridade nas raias mais próximas da Marina da Glória. "A gente corre três regatas e está sempre em pé, enquanto outros velejam sentados", compara. É o caso da Laser, de Robert Scheidt.

As regatas da classe RS:X estão programadas para os circuitos Pão de Açúcar, Naval e Niterói. "Fizeram um pequeno ajuste que melhorou muito a nossa vida. A raia era colada no Pão de Açúcar e era muito difícil velejar lá porque o Pão de Açúcar atrapalhava o vento. Eles distanciaram um pouco a raia, isso vai deixar as regatas um pouco mais justas", diz Patrícia.

Além do triatlo e da vela, as disputas de ciclismo de estrada, maratona, maratona aquática, marcha atlética, remo e canoagem velocidade terão trechos que passarão por locais de livre circulação de público.

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