Familiares de Shaiana Antoline, vítima do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, choram em seu caixão (REUTERS)
Da Redação
Publicado em 29 de janeiro de 2013 às 18h27.
Santa Maria - Abalados pelo incêndio que matou pelo menos 231 pessoas e deixou várias outras feridas na boate Kiss, na cidade gaúcha de Santa Maria, familiares e amigos de mortos na tragédia passaram a madrugada de domingo para esta segunda-feira velando os corpos.
O número de mortos foi revisado durante a madrugada pelas autoridades de 233 para 231, embora tudo indique que este número não será o definitivo.
Diversos caixões permaneceram até a manhã de hoje no Centro Desportivo Municipal, para onde os corpos foram levados para serem identificados. Durante o dia, familiares e amigos, além de 500 voluntários, entre eles médicos, psicólogos, além de policiais, militares, religiosos e jornalistas, foram ao ginásio.
Boa parte dos 261 mil habitantes de Santa Maria foi ao local mostrar seu apoio às famílias das vítimas.
"Sabemos que podia ter sido qualquer de nós. Não há uma pessoa que não esteja estremecida em Santa Maria. Foi uma coisa grave, sem explicação", disse à Agência Efe o médico Cléber Lotes, que trabalha como voluntário para atender os parentes de possíveis ataques de ansiedade ou de queda de pressão.
Na entrada de um dos ginásios do complexo, uma interminável lista de nomes de mortos, atualizada a cada momento, dava a medida da magnitude do ocorrido.
Todos os caixões tinham um cartaz próximo para identificar a vítima, e em cima de alguns deles havia objetos pessoais, como um pinguim de pelúcia, fotos ou bandeiras de times de futebol, sobretudo os do Campeonato Gaúcho, cuja rodada deste fim de semana foi cancelada devido à tragédia.
Em conversas íntimas, os familiares recompunham o quebra-cabeças do acidente para tentar entender como em poucos minutos as faíscas de um espetáculo pirotécnico no palco se propagaram por toda a boate Kiss, tornando-se uma armadilha mortal para a maioria dos presentes a uma festa universitária.
Um jovem estudante, Mattheus Dias, ainda com os olhos avermelhados, disse à Agência Efe que vai demorar para que assimile a tragédia, na qual ele perdeu uma ex-namorada de quem "gostava muito" e alguns amigos.
A maioria dos familiares e amigos mais próximos, abalados, não quis falar com a imprensa, e muitos deles optaram por transferir seus velórios a lugares mais íntimos, como igrejas ou um dos dois cemitérios da cidade, que permaneceram abertos durante toda a noite.
No cemitério de Santa Rita, nos arredores de Santa Maria, cinco vítimas foram veladas até a madrugada por dezenas de parentes, uma cena similar à do Centro Desportivo Municipal, onde uma multidão continuou em vigília muitas horas depois da visita da presidente Dilma Rousseff.
Para a manhã de hoje está prevista a realização de uma cerimônia ecumênica, a cargo do bispo dom Hélio Adelar Hubert, após a qual começarão os enterros no cemitério municipal a partir das 9h (de Brasília).