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Santa Maria enterra seus mortos após incêndio

O Brasil ainda está em choque um dia após esta tragédia, provocada por uma série de imprudências

Parentes de uma vítima do incêndio em uma boate em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, choram no funeral em 27 de janeiro
 (Jefferson Bernardes/AFP)

Parentes de uma vítima do incêndio em uma boate em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, choram no funeral em 27 de janeiro (Jefferson Bernardes/AFP)

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Da Redação

Publicado em 29 de janeiro de 2013 às 18h24.

Santa Maria - O Brasil enterra nesta segunda-feira as primeiras das 231 vítimas do incêndio em uma boate ocorrido na madrugada de domingo no sul do país, enquanto a polícia acelera as investigações para determinar as causas e os culpados pela tragédia.

"É muito triste, perdi 13, 14 companheiros de classe. Dos amigos, um. Todos sabiam dessa festa na boate", disse à AFP Felipe, de 22 anos, que com um grupo de amigos passou nesta segunda-feira em frente à boate Kiss, a caminho de Uruguaiana, na fronteira com o Uruguai, onde seu amigo será enterrado.

O governo revisou o número de mortos de 233 para 231, no pior incêndio em meio século no país. Em 1961, o incêndio em um circo em Niterói, perto do Rio de Janeiro, deixou 503 mortos.

Mais de 80 feridos em estado grave continuam hospitalizados em Santa Maria, a cidade universitária onde ocorreu a tragédia, assim como na capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, muitos lutando por suas vidas, explicou nesta segunda-feira o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

O país amanheceu consternado pela tragédia. A presidente Dilma Rousseff, que no domingo retornou mais cedo de sua viagem ao Chile para se reunir com as famílias das vítimas, decretou três dias de luto.

As celebrações em Brasília pelo início da contagem regressiva a 500 dias da Copa do Mundo de 2014 foram canceladas pelas autoridades locais e pela Fifa.

Três velórios coletivos foram realizados durante a madrugada desta segunda-feira em um centro esportivo, e no cemitério de Santa Maria começaram os enterros, com cenas comoventes de familiares se despedindo de seus filhos.

Outros enterros eram realizados em várias cidades do sul do Brasil, de onde muitos dos jovens que estudavam nas universidades de Santa Maria eram provenientes.

O complexo esportivo da cidade, para onde todos os corpos foram levados inicialmente após a tragédia, funcionou durante a noite como uma grande funerária. Os velórios prosseguiam no início desta segunda-feira neste ginásio para 24 das vítimas.

A polícia retomou nesta segunda-feira as investigações na boate, depois que governador Tarso Genro exigiu uma profunda investigação para determinar as causas e os possíveis culpados pelo incêndio, originado, ao que parece, por um sinalizador lançado por um integrante do grupo musical que se apresentava no local.

O incêndio da boate Kiss é o pior em mais de uma década, desde que um incêndio em um shopping e em uma discoteca na cidade chinesa de Luoyang matou mais de 300 pessoas em 2000.

A Argentina sofreu uma tragédia semelhante em 2004, quando um incêndio em uma casa noturna de Buenos Aires matou 194 pessoas.

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