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Samarco rejeita relatório da ONU sobre "lama tóxica" em MG

Samarco defende que análises nos locais "confirmam que os dejestos provenientes da barragem de Fundão não representam perigo para as pessoas"


	Tragédia de Mariana: especialistas da ONU afirmaram que a lama de dejetos de minério liberada no rio é tóxica
 (Ricardo Moraes / Reuters)

Tragédia de Mariana: especialistas da ONU afirmaram que a lama de dejetos de minério liberada no rio é tóxica (Ricardo Moraes / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de novembro de 2015 às 13h57.

A mineradora Samarco, propriedade da também brasileira Vale e da anglo-australiana BHP Billiton, rejeitou nesta quinta-feira um relatório da ONU que denuncia a toxidade da lama que sepultou o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, e poluiu a bacia do Rio Doce.

"O material proveniente das barragens não apresenta perigo à saúde humana, conforme atestados oficiais anteriores à ocorrência. Esse material, proveniente do processo de beneficiamento do minério de ferro, é composto basicamente de água, partículas de óxidos de ferro e sílica (ou quartzo" e não é tóxico, afirma a Samarco em um comunicado.

Novas análises realizadas nos locais mais próximos à área da tragédia "confirmam que os dejestos provenientes da barragem de Fundão não representam perigo para as pessoas", enfatiza a Samarco.

Em um comunicado à parte, a BHP Billiton assegura, da mesma forma, que a concentração de metais na água, analisada pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), não difere de maneira significativa de outras análises realizadas em 2010. O estudo conclui que "não há indicadores de que a lama seja tóxica em relação a metais pesados".

Especialistas da ONU afirmaram na quarta-feira que a lama de dejetos de minério liberada no rio pelo rompimento da barreira é tóxica.

"Novos testes provam que o colapso de uma barreira de dejetos pertencente à joint-venture entre Vale y BHP Billiton (Samarco), que lançou 50 milhões de toneladas de resíduos de minério de ferro, jogou altos níveis de metais pesados tóxicos e outros produtos químicos tóxicos no rio Doce", afirmou o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU em um comunicado.

O texto - no qual aparecem citados o relator especial para direitos humanos e meio ambiente, John Knox, e o especialista independente de direitos humanos e substâncias e resíduos perigosos da ONU, Baskut Tuncak -, não especifica de que novas evidências se trata.

Além disso, a ONU recrimina a atitude do governo brasileiro.

"Não é aceitável que se tenha demorado três semanas para que as informações sobre os riscos tóxicos da catástrofe tenham sido divulgadas", afirmam os especialistsa.

"As medidas tomadas pelo governo brasilieor, a Vale e a BHP Billiton para evitar danos foram claramente insuficientes. O governo e as empresas devem fazer de tudo a seu alcance para evitar mais danos, incluindo a exposição a metais pesados e outras substâncias químicas tóxicas", alertaram Knox e Tuncak.

"O rio (Doce) agora é considerado morto pelos cientistas,m e o lodo tóxico segue lentamente seu caminho rio abaixo na direção do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, onde ameaça a vegetação protegida", acrescentou Knox.

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