Brasil

Sacolinha pode voltar a ser gratuita em São Paulo

Pela lei, os supermercados não podem mais entregar as antigas sacolas e precisaram substituí-las por modelos padronizados nas cores verde e cinza


	Fernando Haddad: a aprovação do PL 238/2012 acontece pouco mais de um ano depois de a lei das sacolinhas entrar em vigor
 (Rovena Rosa/ Agência Brasil)

Fernando Haddad: a aprovação do PL 238/2012 acontece pouco mais de um ano depois de a lei das sacolinhas entrar em vigor (Rovena Rosa/ Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 24 de junho de 2016 às 10h00.

São Paulo - As sacolas plásticas podem voltar a ser entregues de forma gratuita em supermercados da capital paulista.

Um projeto de lei que impede a cobrança foi aprovado em segunda votação, na quarta, 22, na Câmara Municipal de São Paulo, e agora segue para avaliação do prefeito Fernando Haddad (PT).

A aprovação do PL 238/2012 acontece pouco mais de um ano depois de a lei das sacolinhas entrar em vigor.

Pela lei, os supermercados não podem mais entregar as antigas sacolas e precisaram substituí-las por modelos padronizados nas cores verde e cinza.

Atualmente, os estabelecimentos cobram R$ 0,08 por sacola, mas há locais em que elas saem por R$ 0,10. Em 2011, uma lei chegou a proibir a distribuição de sacolas em estabelecimentos comerciais da capital.

Um dos autores do projeto, o vereador Nelo Rodolfo (PMDB) diz que os consumidores estão sendo prejudicados pela cobrança.

"A sacolinha é o meio mais adequado que se tem para as pessoas saírem do supermercado com dignidade. Tem gente que gasta R$ 500 ou mais em compras e ainda tem de pagar pelas sacolas."

A empresária Lourdes Cordeiro, de 40 anos, defende a distribuição gratuita. "A gente já paga imposto em tudo. Acho um absurdo pagar pela sacolinha. Hoje (ontem), peguei umas 30 e, normalmente, faço compras grandes e preciso de muitas sacolas."

A vendedora Ingrid Takahashi, de 21 anos, concorda. "Vai ser bom se voltar a ser gratuito. Sempre faz diferença quando há uma cobrança. De pouquinho em pouquinho, mexe no nosso bolso."

A operadora de máquinas Sandra de Lima, de 45 anos, aderiu à sacola reutilizável para fazer compras. Mesmo assim, prefere a distribuição gratuita.

"Até trago a minha sacola, mas, às vezes, acabo esquecendo. Tem dia também que a gente sai com o dinheiro contado e não dá para comprar a sacola."

Já a agente de organização escolar Cilene Aparecida de Andrade, de 44 anos, diz que a situação não deveria ser mudada. "Poderiam manter como está pela natureza. Já ando com a minha sacola e não é problema nenhum trazer."

Opiniões divididas

Gerente técnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Carlos Thadeu de Oliveira diz que a volta da distribuição gratuita de sacolas atrapalha no processo de cuidado com o ambiente que a redução do uso desse material pode trazer. "Já existe uma lei.

O consumidor está acostumado a levar sacolas reutilizáveis e a usar caixas de papelão. Mas poderia ser discutida uma forma de minimizar os impactos do plástico sem onerar o consumidor. É um retrocesso."

Oliveira diz que outros meios poderiam ser buscados para resolver o problema. "As pessoas poderiam trocar garrafas PET por sacolas, por exemplo. Existem formas inteligentes. Mas liberar o uso terá um impacto ambiental."

Presidente do Instituto Sócio-Ambiental dos Plásticos (Plastivida), Miguel Bahiense diz que as sacolas devem ser distribuídas gratuitamente.

"Em nosso entendimento, as leis, sejam de São Paulo ou de qualquer lugar, devem garantir à população sacolas com distribuição gratuita, pois as pessoas já pagam indiretamente por elas, fabricadas dentro da norma técnica ABNT, ou seja, com qualidade aprovada.

Acreditamos que a educação ambiental, unida à gratuidade e às sacolas plásticas certificadas, são a melhor forma de garantir o direito do consumidor e a preservação ambiental."

Bahiense defendeu ainda que sacolas são "um instrumento importante para a ampliação da coleta seletiva, pois são reutilizadas para descarte de resíduos, recicláveis ou não, por mais de 90% da população".

A reportagem entrou em contato com a Associação Paulista de Supermercados (Apas), mas a entidade não se pronunciou. Procurada, a Prefeitura de São Paulo informou que não emite posicionamentos sobre projetos de lei. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:cidades-brasileirasFernando HaddadMDB – Movimento Democrático BrasileiroMetrópoles globaisPartidos políticosPolítica no BrasilPolíticos brasileirosPrefeitosSão Paulo capital

Mais de Brasil

Donald Trump mira e a 25 de Março reage: como comerciantes avaliam investigação dos EUA

Bolsonaro será preso? Entenda os próximos passos do processo no STF

Eduardo Bolsonaro celebra decisão do governo Trump de proibir entrada de Moraes nos EUA

Operação da PF contra Bolsonaro traz preocupação sobre negociação entre Brasil e EUA, diz pesquisa