Manifestação pelo impeachment de Bolsonaro no Rio de Janeiro. (Alexandre Schneider/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2021 às 11h43.
Última atualização em 2 de outubro de 2021 às 21h54.
Milhares de manifestantes se reuniram em pelo menos 93 cidades de todos os 26 estados e do Distrito Federal neste sábado, 2, para protestar contra o governo do presidente Jair Bolsonaro. Nas pautas estavam o pedido de impeachment do presidente, a defesa da democracia, críticas a como o governo federal agiu durante a pandemia de covid-19, e contra a reforma administrativa. O assunto chegou a ficar em destaque na rede social Twitter.
Antes do fim dos atos, organizadores dos protestos contra o presidente Jair Bolsonaro já se preparam para a próxima manifestação, convocada para 15 de novembro. A data foi citada em mais de um discurso de quem subiu no caminhão de som parado em frente ao Masp, na cidade de São Paulo.
Cerca de oito quarteirões da Avenida Paulista, em São Paulo, foram ocupados pelos manifestantes. Houve aglomeração em ao menos cinco deles; o público se concentrou principalmente em frente ao Masp. Nas extremidades da avenida, o fluxo maior era de pessoas - incluindo idosos e famílias - que chegavam ao ato. Segundo estimativa divulgada pela Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP), 8 mil pessoas estiveram na Avenida Paulista.
O público estimado é um pouco maior do que o do último ato a favor do impeachment do presidente da República, que ocorreu no último dia 12 de setembro. Naquela ocasião, a SSP estimou que 6 mil pessoas participaram do protesto. Já a manifestação pró-Bolsonaro no dia 7 de setembro teria reunido 125 mil participantes, segundo a pasta.
Na capital paulista, a presidente nacional do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR), pediu “unidade” na luta pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro durante ato na Avenida Paulista. "Vamos continuar nas ruas, vamos continuar dizendo que não queremos esse governo", afirmou.
Em seu discurso no caminhão de som em frente ao Masp, a parlamentar afirmou que neste momento a população precisa pressionar a Câmara dos Deputados e o seu presidente, Arthur Lira (PP-AL), pela abertura do processo de impeachment contra Bolsonaro. "Para tirar Bolsonaro nós precisamos pressionar a Câmara", disse.
O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, fez coro à fala da parlamentar durante seu discurso. Ele disse que “não há mais briga” e que “agora é todo mundo junto contra Bolsonaro”.
Segundo Medeiros, "ainda dá tempo" e a população não precisa esperar até as eleições do ano que vem para tirar Bolsonaro do Planalto. "Estamos demonstrando hoje, com a ampliação do nosso movimento, que nós não vamos esperar até 2022", afirmou.
As manifestações em algumas cidades tiveram início pela manhã, como foi o caso do Rio de Janeiro, Salvador, Recife, São Luís, João Pessoa, Fortaleza, Palmas, Belém e Campo Grande.
Em Fortaleza, por exemplo, o encontro começou na Praça da Bandeira e seguiu até a Praça do Ferreira, ponto turístico e histórico da capital cearense. Já em João Pessoa, o protesto com caminhada e carreata terminou por volta do meio-dia no Ponto de Cem Réis, depois de ter partido do colégio Lyceu Paraibano, no Centro, e passado pelo Parque da Lagoa.
Segundo registros de entidades apoiadoras dos atos, como a União Nacional dos Estudantes (UNE) e Central Única dos Trabalhadores (CUT) nas redes sociais, já ocorreram também atos em Boa Vista, Maceió, Teresina e Goiânia.
Em geral, os gritos dos manifestantes foram contrários ao aumento no preço dos combustíveis, dos alimentos e do gás de cozinha. Muitos dos presentes homenagearam, ainda, as vítimas da covid-19.
Líderes evangélicos discursaram em carro de som em frente ao Masp, na Avenida Paulista, contra o presidente Bolsonaro. Ao lado de representantes budistas e católicos, pastores rejeitaram a associação dos evangélicos ao governo federal, criticaram a gestão do governo frente à pandemia e pediram a manutenção da Democracia.
"Os evangélicos não são capachos do Bolsonaro", disse Samuel Oliveira, integrante da Bancada Evangélica Popular. "Não somos um único bloco, somos muitos".
Nos arredores, membros da Coalizão Evangélica Contra Bolsonaro carregam cartazes com críticas ao presidente. Simony dos Anjos, articuladora da coalizão, explica que o grupo reúne diversos coletivos contrários ao presidente, como a Frente Evangélica pelo Estado de Direito, Cristãos contra o Fascismo, Rede de Mulheres Negras Evangélicas, entre outros.
"Nos juntamos para fazer intervenções nos atos com o objetivo de nos contrapor aos evangélicos que apoiam o governo", afirmou Simony.