Roseana Sarney, governadora do Maranhão: “o Estado está indo muito bem”, diz ela, refutando qualquer possibilidade de intervenção federal (Divulgação / Governo do Estado do Maranhão)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2014 às 15h30.
São Paulo – Creditar à maior riqueza a crise carcerária e a sensação de insegurança no Maranhão pode soar como inusitado, mas a governadora Roseana Sarney, ao fazê-lo, não mente - ao menos não no que se refere ao fato de que o Maranhão tem mesmo mais dinheiro hoje que no passado. A questão é se estar “mais rico” significa não ser pobre.
A maior conquista recente do estado nas estatísticas econômicas e sociais foi deixar de ser o último colocado dentre todas as unidades da federação em PIB per capita, hoje em R$ 7.852.
Agora, o governo maranhense se orgulha de não estar mais na lanterna do ranking, atualmente ocupada pelo Piauí (R$ 7.835), como mostrou o IBGE há pouco mais de um mês (veja lista completa dos PIBs estaduais no site do instituto).
De qualquer modo, o PIB per capita de Maranhão e Piauí ainda é quase um terço do brasileiro. No país, chega-se a R$ 21.535 quando se divide a riqueza nacional pelo tamanho da população.
“Não acredito em intervenção porque estou cumprindo com o meu dever, como sempre fiz. Hoje o Maranhão, por exemplo, possui o 16º PIB do país, está se industrializando e investindo fortemente em infraestrutura”, disse a governadora sobre a possibilidade da Procuradoria Geral da República pedir a intervenção ao Supremo Tribunal Federal, como vem ameaçando.
Roseana não mente: o Maranhão é mesmo a 16ª maior economia do Brasil.
O problema é que, diante de seus 6,7 milhões de habitantes (o 10º estado mais populoso do país), cai para a 26ª posição – a penúltima, como visto - em PIB per capita, uma maneira mais justa de avaliar riqueza ou pobreza.
A renda maranhense coloca o estado no mesmo patamar de Cabo Verde, em cerca de 4,2 mil dólares anuais, segundo levantamento do blog Achados Econômicos. A do Brasil, em torno de 11,8 mil dólares, se equipara ao de Costa Rica.
Mas afinal, está mais rico ou não?
O número que o governo maranhense não cansa de repetir é que o estado vive hoje uma onda de investimentos públicos e privados que totalizam R$ 120 bilhões, em setores como siderurgia, petróleo e gás, mineração e energia.
Roseana Sarney, que assumiu seu quarto mandato como governadora em 2011 - mas a família, sabe-se, vem se revezando no comando há bem mais tempo que isso - alega que o salto no PIB do Maranhão é resultado desse esforço.
Em 2011, o crescimento foi de 10,3%, enquanto o PIB nacional, na mesma época, subiu 2,7%.
“Isso só mostra que estamos no caminho certo ao implementarmos uma forte política de atração de investimentos, que iniciamos em 2009 e que hoje estamos vendo o resultado”, afirmou ela ao jornal O Imparcial, após divulgação do IBGE no fim de 2013.
Hoje, mesmo diante das horríveis cenas filmadas no Complexo Penitenciário de Pedrinhas, o discurso de otimismo é o mesmo. “O Estado está indo muito bem”, foi o que disse em resposta a repórteres nesta quinta-feira.
Pior que antes, é fato, o Maranhão não está, em termos econômicos. Trata-se de decidir se isso é suficiente.