Rebelião: dos cerca de 1.200 presos de Roraima, 92 se declararam integrantes da facção Comando Vermelho, que domina 10% do presídio (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 17 de outubro de 2016 às 16h30.
Boa Vista - Em coletiva a imprensa na manhã desta segunda-feira, 17, a cúpula da Segurança Pública desmentiu os números divulgados pela imprensa nacional de que 25 presos foram assassinados e afirmou que foram dez o número de mortos na briga de facções no domingo, 16, na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista, o maior presídio de Roraima.
"O que houve foi reflexo do que está ocorrendo no País inteiro, e a ordem das mortes veio do Rio de Janeiro. Fomos pegos de surpresa, apesar de estarmos cientes de que as mortes ocorreriam, por conta da visita nas unidades prisionais que sempre foi respeitada", disse o secretário de Justiça e Cidadania, Uziel Castro.
A confusão começou quando os presos integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) quebraram os cadeados e invadiram a Ala 12, onde estavam os integrantes do Comando Vermelho (CV) durante o horário de visita.
Dos dez mortos, a segurança pública já identificou sete dos presos, dos quais o Valdineys de Alencar Sousa, o Vida Loka, que se intitulava líder do Comando Vermelho, e Leno Rocha de Castro, que seria o segundo no grupo, tiveram as cabeças decepadas. Alguns dos corpos foram incinerados, o que dificultou a identificação.
Segundo a cúpula da Segurança Pública, no Norte, outros dois Estados, Rondônia e Pará, tiveram rebeliões após o rompimento no crime organizado.
Dos cerca de 1.200 presos de Roraima, 92 se declararam integrantes da facção Comando Vermelho, que domina 10% do presídio, e foram separados de ala por sofrerem ameaças.
"Nós separamos os integrantes do Comando Vermelho na Ala 12, que foi onde ocorreu o conflito. Todos os mortos são do Comando Vermelho", disse o secretário.
Seis presos foram levados para o Hospital Geral de Roraima e dois permanecem internados, mas não estão em estado grave.
Briga nacional das facções
Quase uma centena de criminosos da maior facção criminosa do País, o PCC, foi transferida das unidades nas quais estavam presos.
O motivo é o fim de uma aliança de quase duas décadas com a principal quadrilha carioca, o Comando Vermelho. A preocupação da polícia, agora, é que o racha cause futuras guerras pelo controle das rotas de abastecimento de drogas, armas e, claro, de favelas.
Integrantes do Comando Vermelho que estão presos em São Paulo foram obrigados a pedir transferência para unidades neutras. Mas até junho passado, PCC e CV estavam aliados em uma sangrenta guerra pelo controle do tráfico na fronteira com o Paraguai.