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Rompimento de barragens provoca dano ambiental enorme

Segundo promotor, o dano ambiental na região afetada pelo rompimento de duas barragens da Samarco é enorme

Vista aérea da do local de rompimento de barragem, em Bento Rodrigues, Minas Gerais (Christophe Simon/AFP)

Vista aérea da do local de rompimento de barragem, em Bento Rodrigues, Minas Gerais (Christophe Simon/AFP)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2015 às 20h48.

São Paulo - "O dano ambiental é enorme" na região afetada pelo rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, no município de Mariana, disse nesta sexta-feira à AFP um dos promotores encarregados de investigar o desastre.

Carlos Ferreira Pinto é promotor de Justiça do Meio Ambiente e está no local para investigar os efeitos e responsabilidades do rompimento das barragens de rejeitos de mineração de ferro, que ocorreu na quinta-feira e deixou 17 mortos até agora, segundo o comandante do Corpo de Bombeiros de Mariana.

Até esta sexta, centenas de equipes de resgate socorreram 500 sobreviventes no povoado de Bento Rodrigues, encoberto por toneladas de rejeitos minerais e lama.

A tragédia provocou danos ambientais?

"O dano ambiental é muito grande. A lama alcançou vários rios e cursos de água, os rejeitos continuam avançando e atingiram a bacia do Rio Doce (onde há uma dúzia de pequenas cidades). O dano é enorme, mas todavia não podemos medir exatamente seu impacto. O rompimento destruiu tudo", explicou o promotor Ferreira Pinto.

Um engenheiro ambiental da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto (vizinha de Mariana), José Francisco do Prado, apontou que "a região onde a barragem se rompeu é de intensa atividade agrícola, mas conta com áreas importantes de conservação de mata atlântica, de interesse ambiental, que foram devastadas pela lama". "O rompimento tem implicações sobre a diversidade aquática e os animais que vivem no local", afirmou.

A lama é tóxica?

Márcio de Souza Almeida, professor de Engenharia Geotécnica na Universidade Federal do Rio de Janeiro, disse à AFP que "a lama dos resíduos de mineração tipicamente contém metais pesados e estes são elementos cancerígenos, então acarreta num grande dano ambiental para os seres humanos e para os animais".

A mineradora Samarco, dona das barragens e propriedade em partes iguais da brasileira Vale e da australiana BHP Billiton, afirmou que a lama é composta em sua maioria por uma areia proveniente do processo de extração do mineral de ferro e "não apresenta nenhum elemento químico que provoque danos à saúde".

José Francisco do Prado explicou por sua vez que o processo do mineral de ferro não utiliza substâncias químicas perigosas, diferentemente de outros processos extrativos como o do ouro, por exemplo.

Porque as barragens se romperam?

Poucas horas se passaram desde o desastre que provocou o rompimento e "por ora o prioritário é evitar mais mortes", disse o promotor Ferreira. Depois, vai procurar identificar as causas e estabelecer responsabilidades.

"Estes diques não se romperam do nada. Nossa linha de investigação é determinar se todas as medidas foram cumpridas, se a capacidade da barragem estava no limite. O importante agora é não descartar nenhuma hipótese", acrescentou.

O geólogo da Universidade de São Paulo, Ideval Souza Costa, explicou que estes tanques "acumulam rejeitos da atividade mineradora" e que ainda não se sabe porque se rompeu. "Para que isso ocorra, é preciso haver algum evento externo ou uma falha de engenharia. O rompimento ocorreu de uma hora pra outra ou já estava cedendo? Dizem que foram percebidos alguns tremores de baixa intensidade, mas acredito que tenha sido falha humana no sentido de controlar o entorno e os dados da barragem, de quanto peso efetivamente suportava. Mas ainda é preciso analisar".

O que a empresa diz?

A empresa Samarco afirma que as barragens que cederam foram submetidas a fiscalização em julho de 2015 e que se encontravam "em total condição de segurança". Segundo a empresa, além da revisão externa, também realiza controles próprios e dispõe de equipes que fazem turnos de 24 horas para manutenção e identificação "de maneira imediata" de qualquer anomalia.

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