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Rompimento de barragem mata ao menos 2; buscas continuam

Ao menos duas pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas devido ao rompimento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco em Mariana


	Barragem se rompeu no distrito de Bento Rodrigues, em Minas Gerais: "é a pior crise da história da companhia", disse o diretor-presidente da Samarco
 (Divulgação / Corpo de Bombeiros)

Barragem se rompeu no distrito de Bento Rodrigues, em Minas Gerais: "é a pior crise da história da companhia", disse o diretor-presidente da Samarco (Divulgação / Corpo de Bombeiros)

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Da Redação

Publicado em 6 de novembro de 2015 às 17h57.

Mariana - Ao menos uma pessoa morreu e mais de 30 ficaram feridas devido ao rompimento de duas barragens de rejeitos da mineradora Samarco em Mariana, informou o Corpo de Bombeiros do município mineiro nesta sexta-feira, acrescentando que as buscas por desaparecidos continuam na região do desastre, que deixou um rastro de lama e destruição.

Inicialmente, os bombeiros informaram que havia dois mortos no acidente, mas no fim da tarde esclareceram no Twitter que uma segunda vítima fatal encontrada em Rio Doce, cerca de 100 quilômetros do local do desastre, "não foi confirmada se tem relação com a ocorrência em Mariana".

"É a pior crise da história da companhia", disse o diretor-presidente da Samarco, Ricardo Vescovi, em entrevista coletiva em Mariana. Segundo o executivo, um trabalhador morreu e 13 estão desaparecidos, sendo 12 de empresas terceirizadas e outro da própria Samarco. O incidente na tarde de quinta-feira na barragem da joint venture da Vale com a australiana BHP impactou negativamente as ações das empresas e deve influenciar a cotação do minério de ferro, considerando a importância da Samarco para o mercado global. A companhia, produtora de pelotas de minério de ferro, é uma das maiores exportadoras do Brasil.

As atividades na unidade de Germano da Samarco, próxima ao local do incidente, estão paralisadas. Segundo a empresa, ainda não há data para retomar as atividades da mina.

De acordo com Vescovi, a empresa realizava trabalhos de drenagem no sistema da represa antes dos rompimentos, mas ainda é muito cedo para determinar as causas do acidente na barragem. O diretor-presidente disse ainda que a empresa avalia a necessidade de declaração de força maior.

Com o rompimento das barragens, os rejeitos avançaram sobre o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, atingindo 90 por cento da uma comunidade com cerca de 560 habitantes e 170 casas, segundo a prefeitura de Mariana.

"Eu estava em casa e ouvi uma gritaria. Dava para ver a água vindo, 15 ou 20 metros de altura e vindo rápido", disse Antônio Geraldo Santos, de 32 anos, morador de Bento Rodrigues, enquanto aguardava na fila de um ginásio local transformado em abrigo para ser levado a um hotel.

"Eu moro em uma parte alta e saímos correndo para ajudar as pessoas na parte de baixo do vila. Dirigindo e pegando as pessoas. Com 10 minutos a parte de baixo inteira da vila foi destruída, cerca de 80 por cento. Acho que nunca mais vou voltar", acrescentou.

Mais de 100 bombeiros, 20 viaturas e três helicópteros foram acionados para a operação de busca de vítimas. Centenas de pessoas foram resgatadas, das quais muitas passaram por processo de descontaminação.

De acordo com a PUC Minas, a previsão climática é de pancadas de chuva na região de Mariana, o que pode atrapalhar as operações de busca.

TREMORES

Monitoramento realizado pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP) apontou a ocorrência de terremotos de baixa intensidade em locais próximos ao distrito de Bento Rodrigues na tarde de quinta-feira, mas um especialista da USP disse ainda não ser possível relacionar os dois fatos.

Segundo levantamento publicado no site do centro, foram registrados dois tremores por volta das 14h e outros dois por volta das 16h nas áreas dos municípios mineiros de Catas Altas e Ouro Preto, vizinhos ao local do rompimento. Os abalos tiveram magnitude máxima de 2,5.

"Ainda não é possível ter certeza de que há uma relação entre os tremores e o rompimento da barragem", disse o professor Marcelo Assumpção, do Departamento de Geofísica da USP, em entrevista à Globonews. "As magnitudes são muito pequenas e seria muito difícil que temores pequenos assim provocassem algum dano direto nas barragens", afirmou.

Em comunicado mais cedo nesta sexta, a Samarco informou que as barragens da empresa são compostas por quatro estruturas: Germano, Fundão, Santarém e Cava de Germano.

A empresa disse ainda que todas possuem licenças de operação concedidas pela Superintendência Regional de Regularização Ambiental, órgão que atesta a integridade das estruturas.

A última fiscalização ocorreu em julho de 2015 e indicou que as barragens encontravam-se em totais condições de segurança, segundo a empresa.

A Samarco também informou que realiza inspeções próprias, conforme Lei Federal de Segurança de Barragens, e conta com equipe de operação 24 horas por dia para manutenção e identificação, de forma imediata, de qualquer anormalidade.

IMPACTO NO MERCADO

As ações da Vale operavam em queda de mais de 5 por cento nesta sexta-feira, por volta das 16h, enquanto o Ibovespa caía 2,82 por cento, com o mercado repercutindo o rompimento da barragem. As ações da BHP também sofreram.

A Samarco, com capacidade de produção de aproximadamente 30 milhões de toneladas de pelotas por ano, não pôde informar imediatamente nesta sexta-feira o impacto do incidente na sua produção de pelotas.

Segundo analistas, devido à relevância da Samarco para o mercado global de minério, o rompimento da barragem deverá frear a queda dos preços das pelotas e um potencial impacto positivo no mercado não deve ser descartado.

Texto atualizado às 18h57

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