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Rolezinhos são forma de protesto ou sinônimo de confusão?

Um grito de jovens pela falta de opções de lazer ou movimento que deve ser repreendido com vigor? Veja as visões - distintas - de um especialista em "tribos urbanas" e de lojistas


	Policiais dispersam jovens durante rolezinho no Shopping Metrô Itaquera neste sábado: estabelecimentos recorrem a liminares na justiça para proibir entrada de jovens 
 (Reprodução/Youtube)

Policiais dispersam jovens durante rolezinho no Shopping Metrô Itaquera neste sábado: estabelecimentos recorrem a liminares na justiça para proibir entrada de jovens  (Reprodução/Youtube)

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Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2014 às 15h37.

São Paulo - A cidade de São Paulo ainda está tentando digerir e aprender a lidar com os chamados "rolezinhos", os encontros marcados pela internet que reúnem grandes quantidade de jovens, normalmente oriundos de regiões mais periféricas do município. Mas a dinâmica já foi exportada para o Rio de Janeirotrês mil pessoas prometem aparecer no Shopping do Leblon no próximo domingo.

Desde o primeiro rolezinho na cidade, ocorrido no Shopping Metrô Itaquera no mês passado, a reação da mídia, os comentários nas redes sociais e as opiniões repercutidas por especialistas encaram o movimento de lados antagônicos.

Ora se considera legítimo a vontade desses jovens de se reunirem diante da falta de opções de lazer em São Paulo, ora se foca a confusão -- algumas vezes engatilhada pelas forças de segurança -- que isso pode causar em centros de compras fechados como são os shoppings.

Diante disso, EXAME.com ouviu o presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Nabil Sahyoun, e o antrópologo e especialista no estudo de grupos e práticas culturais, Alexandre Barbosa Pereira.

Os diferentes pontos de vista, na forma de depoimentos, podem ser lidos abaixo. E aí vale a pergunta: a prioridade agora é entender ou repreender?

Entender: Alexandre Barbosa Pereira, antropólogo e professor da Unifesp

"É verdade que os rolezinhos são uma questão que precisa ser resolvida, mas dentro dos limites democráticos e não com segregação e estigmatização, porque a resposta violenta dos shoppings e da polícia só tende a gerar uma reação violenta por parte dos jovens. 

Isso também abre espaço para uma discussão sobre a necessidade que São Paulo tem de criar mais espaços de convivência e diversão para eles.

Eu não concordo que os shoppings sejam o lugar ideal para os jovens se encontrarem, mas mostra uma vontade de fazer parte de um espaço de consumo ao qual eles não têm acesso. Embora os shoppings não sejam espaços públicos, a cidade é e precisamos estar preparados para ter essa discussão sobre a ocupação do espaço nela.

Nós temos diferentes questões em debate com os rolezinhos. A questão que vai desde a ascensão recente das classes mais baixas ao fato dos jovens pobres escolherem os shoppings como lugar de lazer.

Há também a questão de raça, porque na hora que o segurança do shopping vai expulsar os participantes do rolezinho, ele vai atrás dos jovens pardos e negros que estão vestidos no estilo do funk, marginalizado. 

A mídia também teve seu papel ao chamar o rolezinho de arrastão, já classificando todos os jovens como bandidos. Isso não aconteceria se fosse um grupo de jovens brancos de classe média. A grande questão é que tudo isso revela uma profunda desigualdade ainda presente na sociedade brasileira, além do preconceito de classe e racial. Esse preconceito que a gente finge que não vê e essa desigualdade que a gente finge não existir”.

Repreender: Nabil Sahyoun, presidente da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop)

"Os chamados “rolezinhos” interferem negativamente na rotina tanto dos lojistas como na dos consumidores. Muitos clientes deixam de ir até o local, o que ocasiona uma queda no faturamento. Além disso, muitas notícias que saíram na imprensa comprovam que grupos de marginais se aproveitam para se infiltrarem na multidão e realizar roubos e furtos, causando prejuízo.


No ano passado entregamos um ofício para o Secretário de Segurança de São Paulo (Fernando Grella) para que houvesse aumento do policiamento nos shoppings para evitar atos de bagunça generalizada.

Os shoppings têm reforçado sua segurança interna e têm mantido esse contato com a polícia para tomar as atitudes mais adequadas de acordo com o critério de cada estabelecimento. Tanto é que algumas liminares já foram conseguidas na Justiça para impedir que esses grandes grupos se aglomerem.

Algumas pessoas afirmam que barrar esses menores é uma forma de preconceito, mas isso não é verdade . Não queremos impedir que os jovens entrem no shopping. O que queremos barrar são esses grandes grupos que têm por objetivo fazer bagunça, colocando em risco a segurança das pessoas.

Os shoppings são frequentados por grávidas e idosos. Se acontecer um conflito maior, quem é que vai se responsabilizar? É papel do shopping garantir a segurança de seus frequentadores dentro do espaço privado.

Temos realizados pesquisas nos estabelecimentos que fazem parte da associação e a maioria dos clientes aprova esse reforço na segurança".

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