Rodrigo Maia, sobre o Bolsa Família: "criar um programa para escravizar as pessoas não é um bom programa social" (Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 17 de janeiro de 2018 às 14h49.
Última atualização em 17 de janeiro de 2018 às 16h50.
Washington - O Bolsa Família não é um "bom programa social", por não ter mecanismos que permitam a independência de seus beneficiários, afirmou nesta quarta-feira, 17, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.
"Criar um programa para escravizar as pessoas não é um bom programa social. O programa bom é onde você inclui a pessoa e dá condições para que ela volte à sociedade e possa, com suas próprias pernas, conseguir um emprego", disse o parlamentar durante discurso no Brazil Institute do Wilson Center, em Washington.
Em entrevista depois do evento, Maia disse que o Bolsa Família gera "dependência", por não criar uma "porta de saída" para os participantes. "Essa dependência atrela as pessoas ao Estado."
O deputado defendeu mudanças que criem obrigações em relação à saúde, educação e saneamento, que levaria as pessoas as serem "estimuladas a sair do programa".
Em sua opinião, a ausência de obrigações para os beneficiários os transforma em "dependentes".
Maia afirmou que o Bolsa Família é um programa "liberal" e não de esquerda, mas criticou a maneira como ele foi implementado pelo PT.
"É engraçado que o Brasil cresceu tanto no governo do PT e o número de pessoas dependentes do Bolsa Família aumentou. Tem alguma coisa errada. Se o Brasil está ficando mais rico, por que há mais pessoas pobres dependentes do Bolsa Família? Essa era uma distorção grande."
Para ele, a principal questão em relação ao programa é a porta de saída para seus beneficiários.
"Como é que você dá condições para o cidadão pobre brasileiro, que depende do Bolsa Família, que o filho dele tenha uma condição de escolaridade, uma condição de saúde, cursos profissionalizantes para que ele possa sair da dependência e possa gerar sua própria renda."
Maia admitiu que poderá disputar a sucessão de Michel Temer caso obtenha números mais elevados nos levantamentos sobre intenção de voto.
"Hoje não, eu tenho 1% nas pesquisas. No dia em que eu tiver 7%, as coisas melhoram muito", declarou, em resposta a pergunta sobre sua eventual candidatura.