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Convite de Temer à Lava Jato teria sido feito por Rocha Loures

Segundo o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, o convite ocorreu em 2016 durante um evento da Associação Nacional dos Procuradores da República

Governo Temer: segundo o procurador, o emissário era Rocha Loures, pivô da crise política (Divulgação/Divulgação)

Governo Temer: segundo o procurador, o emissário era Rocha Loures, pivô da crise política (Divulgação/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de agosto de 2017 às 15h13.

Última atualização em 14 de agosto de 2017 às 15h31.

São Paulo - O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima revelou nesta segunda-feira, 14, que o ex-assessor especial de Michel Temer, Rodrigo Rocha Loures, convidou a força-tarefa da Operação Lava Jato de Curitiba para encontrar o presidente no Palácio do Jaburu.

Segundo o procurador, o convite ocorreu em 2016 durante um evento da Associação Nacional dos Procuradores da República, em Brasília.

"Nós estávamos recebendo um prêmio, em Brasília. Houve um emissário do presidente, que não era presidente ainda, que nos convidou no Palácio. Nós acreditamos que não era conveniente, porque naquele momento não havia porque conversar com o presidente ou eventual presidente. Nós acreditávamos que esse tipo de reunião naquele momento não haveria uma repercussão positiva para a Lava Jato", afirmou.

Segundo o procurador, o emissário era Rocha Loures, pivô da crise política na qual mergulhou o presidente - o ex-assessor foi flagrado e filmado com uma mala preta estufada com R$ 500 mil em propina viva do grupo JBS, dinheiro supostamente destinado a Temer, segundo a Procuradoria-Geral da República.

Em 10 de maio do ano passado, a força-tarefa recebeu um prêmio da entidade pelo combate à corrupção.

No dia seguinte, o plenário do Senado deu início à votação do parecer da Comissão de Constituição e Justiça sobre o impeachment da então presidente Dilma Rousseff. Em 12 de maio, a petista foi afastada da Presidência.

"Foi nesse momento que recebemos o convite, através do interlocutor e esse interlocutor nos convidou a ir até o Palácio e nós dissemos não", relatou o procurador.

"Muitas vezes a decisão decorre do momento. Nós, naquele momento, entendemos que não era o caso de nos conversarmos com o eventual presidente."

Segundo o procurador, "a Lava Jato está sempre aberta a interlocução".

"Recebemos visita, inclusive, do ministro da Justiça, à época, Alexandre de Moraes. Entendemos que essas visitas se dão dentro de um protocolo. Nós temos um procurador-geral da República que a princípio é o interlocutor do Ministério Público com o presidente da República", afirmou.

No dia 8 de agosto, o presidente Michel Temer (PMDB) recebeu no Palácio do Jaburu, a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em encontro marcado fora da agenda oficial. Raquel chegou por volta das 22 horas, em seu carro oficial.

Na ocasião, a assessoria do Planalto disse que Temer atendeu ao pedido de Raquel para conversar sobre a sua posse no cargo, que será realizada no dia 18 de setembro, um dia depois do encerramento do mandato do seu algoz, o atual procurador, Rodrigo Janot.

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