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RJ cria gabinete para projeto de água de reúso da indústria

O governo do Rio de Janeiro vai desenvolver um projeto com quatro empresas para a utilização da água de reúso na região da Baia de Sepetiba


	Rio Guandu: foi criado um gabinete de emergência que vai se reunir sempre às 14h das quartas-feiras
 (Guilherme B Alves/Wikimedia Commons)

Rio Guandu: foi criado um gabinete de emergência que vai se reunir sempre às 14h das quartas-feiras (Guilherme B Alves/Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2015 às 21h13.

O governo do Rio de Janeiro vai desenvolver um projeto com quatro empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz, na zona oeste, para a utilização da água de reúso na região da Baia de Sepetiba, onde deságua o Rio Guandu.

O secretário de estado do Ambiente, André Corrêa, reuniu-se com representantes das empresas hoje (9) para definir as estratégias. Foi criado um gabinete de emergência que vai se reunir sempre às 14h das quartas-feiras.

Na primeira reunião, que vai ocorrer nesta semana, será analisada a construção de um enrocamento (barreira de pedras) para tentar reduzir a quantidade de sal na água do Rio Guandu, que precisa ser filtrada pela Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) antes de ser utilizada pelas empresas.

De acordo com o secretário, nesse sistema, são utilizados até 12 metros cúbicos de água por segundo apenas para fazer a pressão e evitar que a água salgada entre nas operações de abastecimento das empresas.

“O rio passa e ela capta do rio. Só que tem índices de salinidade que ela não consegue operar, porque a água do mar invade. Então, a gente usa uma água para bater no mar e expulsar. A gente quer parar com isso, porque é um uso irracional”, esclareceu. Corrêa acrescentou que a quantidade usada para reduzir a salinidade representa, em quatro dias, o suficiente para o abastecimento da cidade do Rio.

“O Rio de Janeiro precisa de 45 metros cúbicos”, disse.

O secretário destacou que esta será a principal medida de curto prazo e representará uma intervenção emergencial. Ele revelou que o custo e a construção do enrocamento ficarão a cargo das empresas e depois será discutido com elas algum mecanismo de compensação.

O secretário explicou que o processo tornaria-se mais lento caso fosse feito pelo governo do estado, que precisa cumprir prazos e passar por avaliações dos órgãos de controle.

“Todos estamos no mesmo barco. O Rio de Janeiro entende que é um momento grave e precisamos tomar decisões. Não vamos só fazer orações. Eu sou uma pessoa de fé, óbvio que eu oro por água, mas tem que ter ações concretas. Esta é a mais importante no momento. Ela vai nos permitir fazer uma poupança de água”, analisou, acrescentando que é preciso economizar pensando no período de seca que vem pela frente.

“Não é um pouquinho de chuva a mais ou um pouquinho a menos. Precisamos mudar a nossa forma de lidar com a água e as empresas concordaram com isso. Mesmo fora da crise não dá mais para ficar como antes”.

O gabinete de emergência vai analisar também a necessidade de fazer desapropriações de imóveis que fiquem nos locais das obras, tanto do enrocamento como da construção de uma nova adutora.

O prazo das construções também será decidido nos encontros semanais. “Não pode ser mais do que três meses. Estamos analisando isso. Tem que ser uma construção rápida. Já a construção de uma adutora de 14 quilômetros, eles vão escolher os estudos”, revelou.

O secretário disse que depois de definidos os projetos para atender a esta região industrial, ele pretende discutir com a Petrobras a questão do reúso de água para a Refinaria de Duque de Caxias (Reduc), na Baixada Fluminense.

“A gente acha que pode ter também um uso mais eficiente de água. Por exemplo, ela tem uma outorga hoje que é de uma água nobre que podia ser usada para abastecimento humano e vamos discutir com ela. Isso não acontece de uma hora para outra, de simplesmente cortar o abastecimento de uma empresa que é importante para a economia do estado que gera emprego, que gera renda. Precisamos agir com responsabilidade. Há uma possibilidade técnica, não é coisa de curto prazo, porque precisa de obra”, analisou.

Segundo Corrêa, o governo pode estimular a Reduc a comprar a água da Estação de Esgoto de Alegria. “Ela pode utilizar aquela água de reúso no curto prazo. Vencida a situação do Guandu, o próximo passo é discutir o uso de água da Reduc”, indicou.

André Corrêa voltou a dizer que a situação de estiagem do Rio é diferente da de São Paulo e que não está na iminência de um racionamento de água, embora, não se possa descartar que o estado passa por uma situação grave.

“Vivemos a maior crise hídrica dos últimos 84 anos, por isso, o governo do estado está sendo pró-ativo, não estamos esperando as coisas acontecerem. Estamos agindo”, disse.

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