Megaoperação: a operação quer prender 200 suspeitos de envolvimento com quadrilhas que comercializam drogas ilícitas (Mario Tama/Agência Brasil)
Estadão Conteúdo
Publicado em 29 de junho de 2017 às 08h33.
Última atualização em 29 de junho de 2017 às 09h11.
A Polícia Civil e o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MP-RJ) deflagraram na manhã desta quinta-feira, 29, uma operação que investiga o envolvimento de policiais militares com traficantes em São Gonçalo, na região metropolitana, a segunda maior cidade fluminense.
A Operação Calabar denunciou à Justiça 96 policiais do 7º Batalhão de Polícia Militar (São Gonçalo) e outros 71 traficantes da região, informou o MP-RJ em nota.
A operação é conduzida pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP-RJ, pela Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), pela 72ª Delegacia de Polícia (São Gonçalo) e pela Corregedoria da Polícia Militar.
Segundo o Gaeco, ao longo de dois anos, os PMs recebiam dinheiro em troca de não coibir o tráfico de drogas na região. Eles vão responder na Justiça pelos crimes de organização criminosa e corrupção passiva.
Acusados de pagar propina aos policiais para evitar incursões em favelas, os traficantes foram denunciados por associação para o tráfico e corrupção ativa.
Entre os denunciados estão policiais integrantes de equipes de pelo menos sete Grupamentos de Ações Táticas (GATs), do Serviço Reservado (P2) e de Destacamentos de Policiamento Ostensivo (DPOs) de diversas localidades.
A investigação teve início em 2016 após a prisão de um homem flagrado com dinheiro oriundo de favelas controladas pelo tráfico de São Gonçalo. O homem fez um acordo de colaboração premiada, auxiliando nas investigações.
"Cinco civis foram denunciados, acusados de serem os intermediários das propinas. Cabiam a eles fazer os 'recolhes' junto aos traficantes", disse a nota do MP.
Entre os traficantes denunciados está Elias Pereira da Silva, o Elias Maluco, informou o PM-RJ. O traficante foi condenado pela morte, em 2002, do jornalista Tim Lopes, descoberto por traficantes enquanto apurava informações, para reportagem da TV Globo, sobre exploração sexual de crianças e adolescentes.
"Apesar de não ser liderança direta em São Gonçalo, constava como recebedor de recursos do tráfico local", informou a nota do MPRJ. Também foram denunciados Shumaker Antonácio do Rosário, o Schumaker, e Érico dos Santos Nascimento, o Farme, considerados líderes locais do tráfico.