Baía da Guanabara: os testes já feitos mostram que o mar está próprio para banho nos trechos das sete raias olímpicas e na Marina da Glória, local em que os atletas embarcam (Ricardo Moraes / Reuters)
Da Redação
Publicado em 20 de julho de 2016 às 20h16.
Rio de Janeiro - A medição da qualidade da água nas áreas de prova da Baía de Guanabara passará a ser diária até 18 de setembro, quando acabaram as regatas paralímpicas.
Os testes já feitos mostram que o mar está próprio para banho nos trechos das sete raias olímpicas e na Marina da Glória, local em que os atletas embarcam.
O secretário de Estado do Ambiente, André Corrêa, reconhece, no entanto, que ainda há risco de problemas com o lixo flutuante durante as provas. "Não existe lixo zero em baía nenhuma", afirmou.
O anúncio do monitoramento diário e da boa qualidade da água nas áreas de provas foi feito à beira do Rio Meriti, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde está instalada uma das 17 ecobarreiras de contenção do lixo flutuante.
As mudanças anunciadas não afetam a vida da dona de casa Marcia Militão, de 44 anos, que mora num casebre de madeira a quatro passos da água podre do Meriti, no Beco da Itaipava. Semana passada, ela tirou uma seringa com agulha das mãos do neto Caíque Miguel, de 4 anos.
"Aqui não tem nenhuma melhoria nunca. O lixo que jogam por aí vem para cá. Já vi sofá, bicicleta, televisão, defunto, até corpinho de criança. Passa tanto rato no teto da gente, que ninguém dorme à noite", conta Márcia. As casas ali não têm ligação de água, o esgoto é lançado direto no rio e não há coleta de lixo.
De acordo com Corrêa, serão necessárias mais três décadas e R$ 20 bilhões de investimento para limpar realmente a Baía de Guanabara.
"Não fui eu que falei esse negócio de 80% (meta de limpeza da baía para a Olimpíada). Eu assumo também a responsabilidade porque faço parte de um governo de continuidade. A gente colocou uma meta muito ousada e ninguém sabe explicar se é limpar 80% da carga orgânica ou se é de poluente", afirmou.
De acordo com o secretário, a preocupação do governo com as provas Olímpicas "nunca foi com a qualidade da água", porque a entrada da baía, historicamente, é uma região limpa.
"Não é mérito do governo, não. É a natureza que ali faz uma troca de água", afirmou Corrêa. O único trecho que preocupava era o da Marina da Glória.
Em março, medições do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) apontavam que a média de coliformes fecais na Marina era de 13 mil NMP/100 ml e a de enterococos (bactérias de origem fecal) estava em 1.472 NMP/100 ml, quando os limites recomendados são de 1.000 NMP/100 ml e 100 NMP/100 ml, respectivamente.
Em maio, foi inaugurado cinturão que contém o lançamento de esgoto clandestino na Marina. Nas medições de junho, os índices haviam caído para 20 NMP/100 ml e 10 NMP/100 ml.
De acordo com Correia, para minimizar os riscos do lixo flutuante, os ecobarcos estão "focados em manter a limpeza das raias". Nos dias de provas, as embarcações cercarão as áreas de prova para tentar evitar que o lixo atrapalhe os atletas. Por mês, os ecobarcos têm retirado 45 toneladas de lixo.