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Da Redação
Publicado em 3 de novembro de 2010 às 19h23.
Formados por 40 das 47 empresas que controlam as linhas de ônibus no Rio de Janeiro, os consórcios vencedores da licitação feita pela prefeitura para "reorganizar" o sistema de transporte municipal serão beneficiados com um incentivo fiscal de R$ 33 milhões ao ano. Em contrapartida, as empresas serão submetidas a "regras claras que não existiam", como promete o prefeito Eduardo Paes (PMDB), e vão ser incluídas no sistema de Bilhete Único, válido por apenas duas horas.
Eduardo Paes sancionou lei de sua autoria, aprovada por 36 votos a 4 na Câmara dos Vereadores, que torna simbólica a cobrança do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) para empresários do setor - a alíquota do tributo foi reduzida de 2% para 0,001%.
O professor de engenharia de Transportes da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio) José Eugênio Leal critica o resultado da licitação das linhas de ônibus da capital fluminense, vencida por quatro consórcios formados por 40 empresas que já operavam o sistema. "O edital deixava antever que as coisas ficariam como estão. A exigência de os concorrentes terem sua frota atuando em pelo menos 50% na região impediu que concorrentes de Curitiba ou São Paulo, por exemplo, participassem."
Para o prefeito, é "natural" que empresas já estabelecidas saiam em vantagem no processo licitatório. "Mas elas terão de se adequar a uma série de regras e pagar por isso", afirmou Paes. "Agora as empresas passam a ter contrato, com regime de obrigações e pagando pela concessão (de 20 anos), com regras claras que não existiam."
Subsídio
Um dos quatro vereadores que votaram contra o projeto, Paulo Pinheiro (PPS) disse que o grupo estuda uma forma de contestar a nova lei na Justiça. "Essa renúncia fiscal serve claramente para subsidiar o bilhete único", criticou o vereador. "O serviço no setor é péssimo e não houve renovação alguma", afirmou. Com a implantação do bilhete único municipal, as passagens serão reajustadas de R$ 2,35 para R$ 2,40. O bilhete é válido por 2 horas e é restrito aos ônibus.
Entre as contrapartidas exigidas aos consórcios está a padronização da pintura dos ônibus, a implantação de novos pontos e a instalação de GPS e de câmeras de filmagem nos coletivos, entre outras. Outro ponto contestado do edital é quanto a readequação dos trajetos. De acordo com a prefeitura, será a "racionalização" das linhas que adequará a "oferta de ônibus de acordo com a demanda por passageiros começará a partir de janeiro".