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Rio: caos na segurança pública

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, teve seu pedido de demissão atendido pelo governador em exercício Fernando Dornelles nesta terça-feira. Ele já havia tentado a deixar o posto mais de uma vez, mas sempre foi convencido a ficar. Depois de nove anos como titular da pasta, ele sai logo […]

JOSÉ MARIANO BELTRAME: não bastasse a violência em si, veio a crise complicar seu trabalho / Tânia Rego / Agência Brasil

JOSÉ MARIANO BELTRAME: não bastasse a violência em si, veio a crise complicar seu trabalho / Tânia Rego / Agência Brasil

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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2016 às 18h52.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h14.

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, teve seu pedido de demissão atendido pelo governador em exercício Fernando Dornelles nesta terça-feira. Ele já havia tentado a deixar o posto mais de uma vez, mas sempre foi convencido a ficar. Depois de nove anos como titular da pasta, ele sai logo depois de um sério episódio de confronto entre policiais e traficantes em plena luz do dia nas comunidades do Pavão-Pavãozinho e Cantagalo, em que três policiais ficaram feridos, oito suspeitos presos e três mortos.

“Não posso exigir que uma pessoa que está há quase 10 anos à frente da segurança pública continue. Eu me preocupo muito, porque ele está cansado”, disse o governador licenciado Fernando Pezão ao confirmar o pedido de demissão do secretário na manhã desta terça-feira.

Pudera. Beltrame enfrentou, em especial ao longo de 2016, uma séria restrição orçamentária no caixa da secretaria. Segundo a Lei Orçamentária Anual, sua pasta deveria receber 7 bilhões de reais. Só que já em fevereiro, cerca de 2 bilhões (35%) foram contingenciados pelo governo e o restante seria pago em parcelas. Segundo o próprio secretário, o recurso pingado dificultava o planejamento e o corte zeraria a capacidade de investimento do órgão, que seria capaz apenas de arcar com pagamento de pessoal.

No fim, nem isso foi possível. Os salários de setembro e outubro de PMs e policiais civis só foram pagos graças a um repasse emergencial de 2,9 bilhões de reais dados pela União como resgate ao estado do Rio para os Jogos Olímpicos. Para novembro, ainda há incerteza. O caixa se torna razão indireta para redução de efetivo, pois o clima desconfortável e a pressão do trabalho fazem com que sargentos e cabos deixem a corporação. Por conta da crise, não há mais bônus por desempenho, por exemplo.

Durante a trajetória, Beltrame teve números oscilantes. Quando se pega apenas os seis primeiros meses do ano, os homicídios dolosos caíram de 3.135, em 2007, a 2.124 em 2012, época de glória das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). Em 2013 e 2014, subiu a 2.406 e 2.726. Caiu para 2.015 em 2015, para voltar a subir 2.470 em 2016. A  política de suporte social que deveria se seguir ao modelo de pacificação não saiu, e a segurança poderia ser melhor com policiais treinados e equipados, com salários em dia. Beltrame se vai. Infelizmente, a violência no Rio ainda fica.

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