Arquibancada do sambódromo coberta de lixo no Rio de Janeiro: faxina para recolher as toneladas de lixo espalhadas pela capital fluminense deve durar três dias, e só depois a cidade deve voltar ao normal (Ricardo Moraes/Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de março de 2014 às 12h47.
Rio de Janeiro - A greve de garis iniciada no Carnaval no Rio de Janeiro, principal destino de foliões brasileiros e estrangeiros no país, transformou a paisagem da cidade em um lixão a céu aberto, com as ruas cobertas de lixo depois de desfiles e da festa de mais de 400 blocos.
A paralisação começou no fim de semana e ainda há garis que não retornaram ao trabalho. A faxina para recolher as toneladas de lixo espalhadas pela capital fluminense deve durar três dias, e só depois a cidade deve voltar ao normal, segundo a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb).
O lixo se acumulou pelas ruas e avenidas, nas praias da zona sul e em diversos pontos turísticos. No sambódromo, onde ocorrem os principais desfiles das escolas de samba do país, o lixo também se acumulou nas arquibancadas.
Cerca de 900 mil turistas eram esperados para passar o Carnaval na cidade, que vai receber a final da Copa do Mundo em julho e os Jogos Olímpicos de 2016.
"Estamos trabalhando para normalizar a nossa operação e a partir desse momento, em três dias, conseguimos voltar com a cidade dentro da sua normalidade total", disse o presidente da Comlurb, Vinicius Roriz.
Até a normalização das operações, a população vai ter que conviver com o lixo e o cheiro de urina deixados pelos foliões do Carnaval.
"A situação está caótica. O caminhão não passa por aqui desde sábado e não temos mais onde acumular o lixo no prédio", disse à Reuters um porteiro de um prédio da zona sul, área nobre da cidade.
Os garis reivindicam melhores salários e condições de trabalho. As negociações para evitar o caos começaram antes do Carnaval e se estenderam durante a folia.
A Comlurb chegou a anunciar durante o feriado o fim da paralisação, mas na prática a volta ao trabalho não aconteceu. Um grupo de dissidentes não aceitou o aumento de 9 por cento sobre o piso de cerca de 800 reais, mais 40 por cento de insalubridade. O grupo que resiste ao acordo quer um piso de 1.200 reais.
"Não há margem para pagar um piso maior. A negociação começou em fevereiro e já houve um grande desgaste nas negociações. Temos que olhar o lado do gari, mas também da população que paga essa conta", declarou Roriz.
"Numa negociação não dá para um lado querer levar tudo", acrescentou.
A crise do lixo também acabou virando caso de polícia. Garis que querem aceitar os termos do acordo e voltar ao trabalho têm sido vítimas de ataques de grupos dissidentes da categoria.
A Comlurb pediu ajuda à Polícia Militar para escoltar grupos de trabalhadores durante a limpeza das ruas e avenidas da cidade.
Cerca de 300 grevistas já foram demitidos pela Comlurb, mas os afastamentos poderão ser reconsiderados pela companhia.
A cidade do Rio de Janeiro conta com aproximadamente 15 mil profissionais de limpeza de ruas.