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Rio-2016 não será primeira Olimpíada polêmica, diz ministro

Leonardo Picciani, ministro do Esporte, diz ter plano para evitar elefantes brancos da Olimpíada - mas não garante que vai conseguir cumpri-lo


	Ministro Leonardo Picciani (Esporte) durante entrega da Arena Carioca 2, no Rio
 (Fotos Públicas)

Ministro Leonardo Picciani (Esporte) durante entrega da Arena Carioca 2, no Rio (Fotos Públicas)

Marcelo Ribeiro

Marcelo Ribeiro

Publicado em 3 de agosto de 2016 às 11h46.

Brasília – Em entrevista a EXAME.com, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), minimizou os problemas enfrentados pela organização dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro faltando poucos dias para a abertura do evento. Para ele, as edições passadas também foram alvo de polêmicas e, apesar das críticas, o brasileiro terá muito do que se orgulhar nas próximas semanas.

“Acredito que a Olimpíada do Rio vai dar um novo fôlego ao país para a melhora no ambiente internacional”, disse Picciani em entrevista a EXAME.com nesta terça-feira. “É importante que a gente mande um recado firme de que enfrentamos os problemas, cumprimos os nossos compromissos e que nossas instituições funcionam e são sólidas”.

Picciani admitiu que, quando chegou ao Ministério do Turismo, em maio, não havia um plano de legado olímpico. O peemedebista negou, porém, que as obras públicas virarão elefantes brancos, como aconteceu com alguns estádios da Copa do Mundo. “Não posso garantir, mas agora vamos apresentar um plano para evitar que isso aconteça”, pontuou.

Veja os principais trechos da entrevista:

EXAME.com: O senhor assumiu recentemente o Ministério do Esporte. Não foi pouco tempo para assimilar um evento da dimensão da Olimpíada?

Leonardo Picciani: Ainda que tenha entrado recentemente na pasta, eu conhecia o projeto, sou parlamentar do Rio de Janeiro. Entre 2009 e 2011, fui secretário de Habitação do estado, durante o governo de Sérgio Cabral. Na época, a cidade começava a se preparar para receber os Jogos Olímpicos. Como deputado e líder do PMDB, pude participar da aprovação de muitas das legislações que foram aprovadas para a Olimpíada.

Muita coisa mudou a partir da sua entrada na pasta?

Nós mantivemos grande parte do corpo técnico do ministério que já estava inteirado do projeto olímpico. E isso nos permitiu não ter nenhum sobressalto nessa fase final.

Que tipo de problema aparece aos 48 do segundo tempo?

A conclusão do velódromo atrasou, mas não por culpa do poder público. O que houve é que a empresa que ganhou a licitação estava em recuperação judicial. A empresa quebrou e não conseguiu concluir a obra. Tivemos (a necessidade) de substituí-la, mas deu tudo certo apesar do atraso.

Não podemos esquecer das críticas à Vila Olímpica por parte de delegações de outros países e das condições do expediente de funcionários em obras da Vila Olímpica.

Sobre a Vila Olímpica, é preciso entender que é um condomínio com 31 edifícios, 3.600 apartamentos. Tivemos problemas graves, mas eles estão sendo corrigidos. Ocorreu precisamente em 3% dos quartos. O problema mais grave foi com a delegação da Austrália. Mas tudo já está sob controle.

Outras delegações reclamaram também, ministro.

Foram reclamações pontuais. Pode ser que algumas necessidades tenham sido subestimadas. O próprio presidente Michel Temer disse que não podemos ficar dividindo responsabilidades. É o nome do nosso país que está em jogo. O Comitê Organizador atendeu prontamente às reclamações da delegação australiana e eles se instalaram na Vila Olímpica no dia seguinte.

E em relação aos trabalhadores que estavam trabalhando exaustivamente e sem contrato temporário ou carteira assinada?

Não era um caso de tanta gravidade, tanto assim que não se determinou interdição, interrupção dos trabalhos. Foi feita uma notificação para que as falhas fossem corrigidas. Foi uma operação de rotina que determinou alguns ajustes que devem ser adotados.

O senhor acredita que os Jogos conseguirão apagar essas falhas e repercutir bem internamente e no exterior?

Todas as edições dos Jogos tiveram polêmicas. O Brasil não será o primeiro. Acredito que a Olimpíada do Rio vai dar um novo fôlego ao país para a melhora no ambiente internacional. É importante que a gente mande um recado firme de que enfrentamos os problemas, cumprimos os nossos compromissos e que nossas instituições funcionam e são sólidas. O brasileiro, sem dúvida, terá muito do que se orgulhar.

Tem alguma questão que merece mais atenção? Segurança pública talvez?

Acredito que todos os assuntos merecem ser tratados com seriedade. Com relação à segurança pública, a cidade está preparada. Já recebemos uma série de megaeventos: desde a visita do Papa Francisco até a Copa do Mundo. Envolvemos forças federais, forças do Estado. Estamos dispensando a energia necessária para garantir que os Jogos sejam um sucesso. Temos 88 mil homens para garantir a segurança de quem for prestigiar os Jogos, maior equipe de efetivos para um evento no país em toda a história.

De que maneira está sendo tratada a denúncia de estupro dentro do velódromo?

Problemas pontuais como esse, de denúncias de eventuais crimes que tenham ocorrido na Vila, serão investigados pela polícia. Se ocorreram, aquele que cometeu crime sofrerá as penalidades da lei.

As declarações de Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, têm incomodado o governo de alguma maneira?

É do temperamento dele. Ele deve ser respeitado. É preciso que tudo seja contextualizado. Ele é brincalhão e não fez nenhuma declaração para ofender alguém.

Como o senhor enxerga a ausência da presidente afastada Dilma Rousseff da cerimônia de abertura?

Não me cabe avaliar. É uma decisão de foro íntimo da presidente Dilma. Ela foi convidada. É ela quem decide se vai ou não.

Há o temor de vaias entre os ex-presidentes que negaram o convite? O presidente Temer não está preocupado com uma reação negativa?

Segundo Nelson Rodrigues, no Maracanã se vaia até minuto de silêncio. Faz parte do jogo qualquer tipo de manifestação. Faz parte da vida pública. Não há motivo para qualquer sobressalto.

O plano de legado olímpico exigido pelo Tribunal de Contas da União já está pronto?

Quando cheguei ao ministério, quis saber sobre o projeto pós-olímpico. Na época, não havia ninguém cuidando desse assunto. Instituí então um grupo de trabalho que propõe usar os R$ 150 milhões que temos disponíveis em 2016 para unificar todos os centros de treinamento que construímos.

Não teremos elefantes brancos como os deixados pela Copa?

Não posso garantir, mas agora vamos apresentar um plano para evitar que isso aconteça. 

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