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Rio-2016 gerou focos de progresso ao país, diz presidente do BID

Em artigo exclusivo para EXAME.com, Luis Alberto Moreno, presidente do BID, descreve o impacto positivo das Olimpíadas de 2016 para o Brasil

Abertura dos Jogos Olímpicos em 5 de agosto de 2016: para presidente do BID, Rio está melhor após experiência olímpica (Ricardo Stuckert/CBF/Fotos Públicas/Divulgação)

Abertura dos Jogos Olímpicos em 5 de agosto de 2016: para presidente do BID, Rio está melhor após experiência olímpica (Ricardo Stuckert/CBF/Fotos Públicas/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 5 de agosto de 2017 às 06h00.

Última atualização em 8 de agosto de 2017 às 12h24.

Com o aniversário de um ano dos Jogos Olímpicos Rio 2016, não posso deixar de relembrar as excepcionais realizações esportivas que todos nós testemunhamos durante aqueles 16 maravilhosos dias em agosto do ano passado. No entanto, este também é o momento em que os meios de comunicação tentarão avaliar o impacto dos Jogos na cidade-sede.

Como ex-executivo de imprensa, membro do Comitê Olímpico Internacional (COI) e atual presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, tenho a minha própria perspectiva – e não tenho dúvidas de que o Rio de Janeiro está melhor em resultado da sua experiência olímpica.

Em 2009, quando o COI concordou em levar os Jogos Olímpicos à América do Sul pela primeira vez, o Brasil era o grande sucesso econômico da região. Alguns anos depois, infelizmente, o país mergulhou em uma recessão histórica, agravada por uma turbulência política e social sem precedente que persiste até hoje.

Os Jogos Olímpicos não causaram os problemas atuais do Brasil, nem vão resolvê-los. Porém, sediar os Jogos Olímpicos proporcionou uma série de focos de progresso em uma situação que, no restante, é difícil.

Mesmo antes da cerimônia de abertura, os Jogos criaram milhares de empregos diretos e indiretos extremamente necessários. Um estudo realizado antes dos Jogos pela respeitada Fundação Getúlio Vargas revelou que a renda per capita no Rio de Janeiro teve um aumento de mais de 30% entre 2009 e 2016, com um crescimento econômico mais robusto e mais equitativo do que em qualquer outra cidade no Brasil.

Os Jogos Olímpicos não causaram os problemas atuais do Brasil, nem vão resolvê-los. Porém, sediar os Jogos Olímpicos proporcionou uma série de focos de progresso em uma situação que, no restante, é difícil.

Luis Alberto Moreno, presidente do BID

 

Pelo menos mil micro e pequenas empresas (MPEs) beneficiaram-se de uma iniciativa para integrá-las a projetos relacionados aos Jogos, ganhando acesso a mais oportunidades comerciais, mais conhecimento e mais visibilidade. Esse programa ainda está sendo executado de forma independente pelo Sebrae, que dá apoio a MPEs e está usando a experiência dos Jogos para posicioná-las nas cadeias de abastecimento das empresas maiores.

Um dos legados de maior alcance dos Jogos é o exemplo dado pela utilização de parcerias público-privadas para projetos de infraestrutura. Entidades privadas financiaram cerca de 57% da infraestrutura dos Jogos, o que permitiu que cada real investido pelas autoridades gerasse benefícios adicionais para a cidade.

Os Jogos também aceleraram investimentos públicos em obras de transporte que já resultaram em mais de 170 quilômetros de linhas de metrô, VLT e BRT – tudo com a criação de novos empregos. Esses projetos continuam beneficiando visitantes e passageiros no Rio todos os dias.

Recursos privados também contribuíram para um enorme investimento em infraestrutura de telecomunicações, a qual beneficiará empresas, escolas, residências e órgãos públicos do Rio por muitos anos.

A importante indústria do turismo obteve imensos benefícios no Brasil. De acordo com o Ministério do Turismo, os Jogos foram um fator  determinante para um aumento recorde de visitas de turistas no ano passado, resultando em um impulso de US$ 6,2 bilhões para a economia.

Definitivamente, o progresso em algumas áreas de legado vem sendo mais lento do que muitas pessoas esperavam. Não surpreende o fato de que os problemas econômicos e políticos do Brasil tenham atrasado planos pós-Jogos para algumas instalações olímpicas, especialmente os que dependem de investimentos do setor privado. Ainda assim, vários projetos estão avançando apesar das dificuldades.

Cinco piscinas olímpicas de treinamento foram desmontadas para reutilização em outro lugar. Uma já foi transferida para a Escola de Educação Física do Exército no bairro carioca da Urca. Outras serão destinadas a outras cidades brasileiras.

Os campos de treinamento de hóquei já foram entregues a uma universidade local para serem usados por estudantes e clubes em torneios locais. A Arena Olímpica do Rio, o campo de golfe, a quadra de tênis e a Arena Carioca 3 já sediaram novas atividades e eventos esportivos após os Jogos.

E há mais por vir. O Transforma, projeto educacional do Rio 2016 que promoveu o respeito mútuo, o combate à discriminação e outros valores olímpicos para 8 milhões de crianças brasileiras em 16 mil escolas, será relançado em agosto com apoio financeiro do Comitê Olímpico Internacional.

É claro que muito mais precisa ser feito para garantir que o Rio de Janeiro e o Brasil maximizem os benefícios da sua experiência olímpica. Vale lembrar que o Parque Olímpico dos Jogos de Londres 2012 só reabriu ao público em 2014. Hoje, é um dos bairros mais vibrantes da cidade.

Também vale a pena lembrar que muitas pessoas não acreditavam que o Brasil tivesse condições de sediar Jogos Olímpicos de sucesso. O Brasil superou muitos obstáculos e mostrou que os céticos estavam errados. Os Jogos não apenas tiveram competições espetaculares como destacaram o magnífico espírito do país.

Será preciso tempo e muita força de vontade, mas tenho certeza de que o Brasil mostrará novamente que os céticos estão errados.

*Luis Alberto Moreno é presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento

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