Ricardo Teixeira, presidente da Câmara Municipal de São Paulo (Richard Lourenço/ Rede Câmara SP)
Agência de notícias
Publicado em 2 de janeiro de 2025 às 08h15.
O engenheiro e vereador por cinco mandatos consecutivos Ricardo Teixeira (União Brasil) foi eleito nesta quarta-feira (1º) como novo presidente da Câmara Municipal de São Paulo por um ano.
Aliado do prefeito Ricardo Nunes (MDB), Teixeira sucede no cargo um dos políticos mais influentes da cidade nas últimas décadas, Milton Leite, do mesmo partido, que não disputou as eleições este ano.
Ele obteve 49 votos de 55 possíveis. O parlamentar foi escolhido para conduzir os trabalhos da Casa após a posse da nova legislatura no Palácio Anchieta, sede do legislativo paulistano.
Antes da votação, Ricardo Teixeira agradeceu a decisão do União de indicá-lo, o que teria ocorrido de forma unânime, e colocou o telefone à disposição dos colegas “24h por dia”.
Prometeu ainda conduzir a Casa respeitando as diferenças e ouviu reclamação da vereadora Sandra Tadeu (União Brasil) sobre a composição da mesa — prevista para ter apenas homens, mesmo com a representação feminina passando de 13 para 20 nesta legislatura.
Natural de Santos, no litoral paulista, Teixeira é engenheiro e fez carreira em agências de infraestrutura, como a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo (CET), responsável pela operação do sistema de transporte da capital, e no Departamento de Estradas de Rodagem do Estado (DER). Em 2004, não teve sucesso na primeira eleição para vereador, pelo PSDB.
Acabou assumindo o cargo de chefe de gabinete e depois de secretário-adjunto da Coordenação das Subprefeituras na gestão do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD).
Eleito no pleito seguinte, em 2008, e reconduzido ao cargo outras quatro vezes, o vereador teve passagens por PROS e PV antes de ingressar no DEM, sigla que daria origem ao União Brasil após a fusão com o PSL.
Como vereador, Teixeira foi responsável por implementar uma medida popular, a Faixa Azul, exclusiva para motociclistas em avenidas movimentadas da cidade, que recebeu elogios até de adversários do emedebista nas eleições municipais, como o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
Teixeira foi indicado pelo União Brasil à presidência da Câmara Municipal após meses de disputa interna no partido. No começo do ano, o favorito para o posto era Rubinho Nunes, mas o parlamentar desistiu da candidatura de Nunes para apoiar Pablo Marçal (PRTB) nas eleições de 2024, minguando as suas chances.
Ele também precisou superar uma campanha do próprio Milton Leite em favor de Silvão, presidente da escola de samba Estrela do Terceiro Milênio e um dos vereadores que ele conseguiu eleger com seu apoio em outubro, mas que enfrentava resistência por estar apenas iniciando o primeiro mandato.
Milton Leite compareceu à cerimônia de posse dos vereadores e declarou que existe um acordo para rodízio anual de presidentes do União Brasil, segundo ele, ainda sem definição de nomes. Teixeira, portanto, ficaria apenas um ano no cargo.
— A decisão foi numa reunião nossa, eu ouvi o debate entre eles e acharam por bem que nesse primeiro ano fosse o Ricardo. Reunião democrática, bem aberta mesmo, bem debatida. Chegou-se a essa conclusão e se estabeleceu o rodízio anual entre os vereadores na presidência. Será respeitada a decisão deles. Eu participei, mas não opinei — declarou Leite.
Além do União Brasil, que conta com sete parlamentares, Teixeira recebeu o apoio formal de partidos como MDB, que deve indicar o 1º vice-presidente da Casa, e o PL, com vistas ao 2º posto; ambos têm sete representantes.
O PT, que tem a maior bancada, com oito vereadores, também deve fechar acordo por Teixeira, em troca da 1ª secretaria, a ser ocupada por Hélio Rodrigues (PT). O PSOL, por outro lado, lançou Celso Giannazi, um nome de oposição, que teve apenas seis votos.
Em seu discurso de pedido de votos, Giannazi alegou que a Câmara Municipal é submissa à prefeitura de São Paulo, como um “puxadinho”, e não cumpre o seu papel de fiscalizar o Executivo. Reclamou ainda sobre a análise “apressada” de projetos relevantes para a cidade e pediu que o seu adversário também se comprometesse em acabar com a possibilidade de votação online, sem os vereadores estarem presentes no plenário.
A definição da mesa diretora foi realizada logo após a posse, que envolve não apenas os vereadores, mas também o prefeito, Ricardo Nunes, e o vice-prefeito, coronel Ricardo Mello Araújo (PL), no Palácio Anchieta, sede do legislativo paulistano. A sessão solene foi presidida por Eliseu Gabriel (PSB), o parlamentar mais velho, obedecendo ao regimento interno.
A maioria da nova Câmara Municipal de São Paulo é formada por políticos já conhecidos de outras legislaturas. Dos 51 vereadores que tentaram a reeleição em outubro, 35 conseguiram mais um mandato.
Entre os 20 novatos aparecem influenciadores de direita que ampliam o discurso mais radical na Casa e devem formar um grupo independente de Nunes em algumas pautas. O bloco informal e unido por afinidades, segundo eles próprios, é liderado pelo candidato mais votado em 2024, o bolsonarista Lucas Pavanato (PL). O cenário, porém, continua favorável para o governo aprovar seus projetos sem dificuldades, assim como ocorreu no mandato passado.
Do lado dos partidos governistas, União Brasil (7), PL (7), MDB (7) e
Podemos (6) ganham destaque, enquanto representantes da esquerda como as federações de PT/PV/PCdoB (9), PSOL/Rede (7) e PSB (2) avançaram pouco entre um pleito e outro e devem compor, mais uma vez, minoria na oposição.
A cerimônia desta quarta também dá posse aos vereadores Rodrigo Goulart (PSD) e Sidney Cruz (MDB), mas ambos devem se licenciar para assumir as secretarias de Trabalho e Habitação, respectivamente, conforme anunciado por Nunes. No lugar deles entram Carlos Bezerra Júnior (PSD) e Paulo Frange (MDB), os primeiros suplentes dos dois partidos.