PF: dono do grupo J&F e colaborador premiado Joesley Batista foi preso nesta sexta-feira, 9 (Vagner Rosário/VEJA)
Estadão Conteúdo
Publicado em 9 de novembro de 2018 às 10h20.
Última atualização em 9 de novembro de 2018 às 10h21.
São Paulo - Além do dono do grupo J&F e colaborador premiado Joesley Batista, foram presos nesta sexta-feira, 9, na Operação Capitu, outros dois colaboradores premiados do grupo, Demilton Castro e Ricardo Saud. A ação, desdobramento da Operação Lava Jato, foi deflagrada pela Polícia Federal e se destina a desarticular uma organização criminosa que atuava na Câmara dos Deputados e no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Eles são três dos alvos dos 19 mandados de prisão temporária, que incluem também o vice-governador de Minas Gerais Antônio Andrade (MDB). A confirmação da prisão dos três foi feita com os advogados.
A Polícia Federal informou que instaurou um inquérito policial em maio deste ano, baseado em declarações do corretor Lúcio Bolonha Funaro, sobre supostos pagamentos de propina a servidores públicos e agentes políticos que atuavam direta ou indiretamente no Mapa em 2014 e 2015.
Segundo o delator, a JBS teria repassado R$ 7 milhões para o grupo político do MDB da Câmara. Desse valor, o então ministro da Agricultura e atual vice-governador de Minas Gerais, Antônio Andrade, teria recebido R$ 3 milhões da propina paga pela empresa de Josley Batista e R$ 1,5 milhão teriam sido enviados ao ex-deputado Eduardo Cunha (MDB-RJ).
Operação à parte, Joesley e Saud, em outra frente, estão com a colaboração premiada ameaçada após a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciar a rescisão do acordo, firmado em 2017. Mas são formalmente delatores porque o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda não julgou se validará ou não a rescisão.
Sem confirmar referência a Joesley e ao grupo J&F, a Polícia Federal afirmou que, durante as apurações, houve clara comprovação de que empresários e funcionários do grupo investigado - inicialmente atuando em colaboração premiada com a PF - teriam praticado atos de obstrução de justiça, prejudicando a instrução criminal, com o objetivo de desviar a PF da linha de apuração adequada ao correto esclarecimento dos fatos. Daí o nome da Operação, "Capitu", a personagem dissimulada da obra prima de Machado de Assis, "Dom Casmurro".