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Ricardo Salles na mira da PF: ministro diz que não tem ligação com o crime

Em entrevista coletiva, Salles nega a existência de um esquema para a facilitação de contrabando de madeira, rebatendo acusação da Polícia Federal; presidente do Ibama é afastado

Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, é acusado de participar de esquema de venda ilegal de madeira (Leandro Fonseca/Exame)

Ricardo Salles, ministro do Meio Ambiente, é acusado de participar de esquema de venda ilegal de madeira (Leandro Fonseca/Exame)

CA

Carla Aranha

Publicado em 19 de maio de 2021 às 13h12.

Última atualização em 19 de maio de 2021 às 13h42.

Em entrevista coletiva em Brasília nesta quarta, dia 19, o ministro Ricardo Salles, do meio ambiente, disse que não houve irregularidades na emissão de licenças para exportação de madeira da floresta amazônica. Salles é alvo de uma operação da Polícia Federal (PF), deflagrada nesta quarta por ordem de Alexandre Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que busca investigar um suposto esquema de facilitação da venda de maneira extraída ilegalmente.

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Os agentes da PF cumprem hoje 35 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, em São Paulo e no Pará. Os endereços residenciais e de trabalho de Salles em São Paulo, Brasília e no Pará também foram objeto de investigação. Salles é acusado de participar do esquema de corrupção, assim como o presidente do Ibama, Eduado Bim, de outros nove agentes do Ibama e no ministério do Meio Ambiente. 

"Esse inquérito, ao qual não tive acesso ainda, foi feito de modo a levar o ministro relator a erro e a dar a impressão de que teria havido uma ação concatenada de agentes do Ibama e do ministério do Meio Ambiente para favorecer o destravamento indevido do que qualquer que seja", disse Salles. "Essa ações jamais aconteceram".

Em entrevista exclusiva concedida nesta terça à EXAME, Salles disse que sofre ataques porque cargos na pasta do meio ambiente seriam historicamente ocupados por partidos de esquerda. "A área ambiental sempre foi uma espécie de curral político. Qualquer pessoa que estivesse em meu lugar, fechando boquinha para uma série de coisas que estava jorrando dinheiro fácil e ações de moralização, seria objeto de ataque", afirmou.

O ministro também falou sobre a atuação do crime organizado na Amazônia, que envolve o corte ilegal de árvores e o garimpo. "Tanto na parte de garimpo ilegal como na de desmatamento, há um contingente muito grande de pessoas muito simples que são contratadas por um grupo pequeno de mandantes", afirmou. Segundo Salles, enquanto o Brasil não receber uma ajuda financeira dos países desenvolvidos, os moradores da região amazônica continuarão a ser coopetados como mão de obra barata para atividades ilegais. 

Agora, o próprio ministro está na mira da PF em um ampla investigação sobre fraudes na exploração de madeira na Amazônia. No despacho de 63 páginas em que autoriza a operação de busca e apreensão da PF, Moraes diz que há indícios de "um grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais". Também existe uma suspeita de que tenha havido uma movimentação atípica da ordem de 14 milhões de reais no escritório de advocacia de Salles, em São Paulo. 

“Ressalto, por oportuno, que o RIF n. 60322.2.2536.4046 (Volume VIII) envolvendo o agente público com prerrogativa de foro (Ministro do Meio Ambiente) indicou movimentação extremamente atípica envolvendo o escritório de advocacia cujo Ministro de Estado é sócio (50%)”, afirmou Moraes. 

O presidente do Ibama, Eduardo Bim, já foi afastado do cargo.

As investigações começaram há dois anos, quando a Embaixada dos Estados Unidos compartilhou documentos relativos à importação de madeira da floresta amazônica no porto de Savannah, na Geórgia, que estavam sem os devidos registros e autorizações para a venda no exterior.


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