Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Ueslei Marcelino/Reuters)
Alessandra Azevedo
Publicado em 23 de junho de 2021 às 17h18.
Última atualização em 23 de junho de 2021 às 18h10.
Investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pediu demissão na tarde desta quarta-feira, 23, ao presidente Jair Bolsonaro. O ato de exoneração foi publicado em edição extra do Diário Oficial da União (DOU).
O ato de exoneração diz que a demissão foi feita "a pedido". Segundo o jornal O Globo, o ex-ministro alegou motivos familiares para pedir demissão. No lugar de Salles, entrará o atual secretário da Amazônia e Serviços Ambientais da pasta, Joaquim Álvaro Pereira Leite.
No início do mês, Salles foi alvo de buscas na Operação Akuanduba, deflagrada em maio, que apura supostos crimes de corrupção, advocacia administrativa, prevaricação e facilitação de contrabando na exportação de madeira do país. O ministro teve os sigilos bancário e fiscal quebrados.
A ministra do STF Cármen Lúcia autorizou neste mês a abertura de um inquérito para apurar se Salles atrapalhou as investigações da Operação Handroanthus, sobre esquema de desmatamento ilegal na Amazônia. O pedido foi feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR), com base em denúncia do ex-superintendente da Polícia Federal do Amazonas, Alexandre Saraiva. Salles nega irregularidades.
Essas não foram as únicas vezes que Salles esteve no meio de polêmicas. Em abril do ano passado, em reunião ministerial, ele sugeriu que o governo "passasse a boiada" durante a pandemia de covid-19. A intenção era aprovar mudanças para afrouxar regras sobre proteção ambiental e área de agricultura.
Na época, Salles afirmou que sempre defendeu a "desburocratizar e simplificar normas", dentro da lei. "O emaranhado de regras irracionais atrapalha investimentos, a geração de empregos e, portanto, o desenvolvimento sustentável no Brasil", justificou.
Apesar das investigações, Salles conta com o apoio público de Bolsonaro, que o parabenizou na terça-feira, 22. "Parabéns, Ricardo Salles. Não é fácil ocupar seu ministério. Por vezes, a herança fica apenas uma penca de processos. A gente lamenta como por vezes somos tratados por alguns poucos desse outro Poder, que é muito importante para todos nós", disse o presidente.
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