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Revisão de delação enfraquece denúncia, dizem aliados de Temer

Janot anunciou hoje que o acordo de delação premiada dos empresários do Grupo J&F pode ser revisto, mas que as provas não perderiam a validade

Temer: "Há muitas dúvidas sobre esse acordo. Muitos benefícios, imunidade 100% em troca de algo que não parece consistente", disse o líder da maioria na Câmara (Cristiano Mariz/VEJA)

Temer: "Há muitas dúvidas sobre esse acordo. Muitos benefícios, imunidade 100% em troca de algo que não parece consistente", disse o líder da maioria na Câmara (Cristiano Mariz/VEJA)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de setembro de 2017 às 21h58.

Brasília - Líderes da base aliada afirmaram que o pronunciamento feito nesta segunda-feira, 4, pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, enfraquece a apresentação de uma segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.

Janot convocou a imprensa para anunciar que o acordo de delação premiada dos empresários do Grupo J&F pode ser revisto, mas sustentou que as provas entregues no processo não perderiam a validade.

"Esse fato mostra aquilo que toda a sociedade tem manifestado. Há muitas dúvidas sobre esse acordo. Muitos benefícios, imunidade 100% em troca de algo que não parece consistente", disse o líder da maioria na Câmara, deputado Lelo Coimbra (PMDB-ES).

Para ele, se a segunda denúncia tiver como base os depoimentos dos irmãos Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, isso trará suspeição à figura do procurador-geral da República. "Usar essa mesma matéria-prima pode colocar Janot em situação constrangedora e até mesmo questionar o seu papel nesse procedimento", disse.

Relator da reforma da Previdência na Câmara, o deputado Arthur Maia (PPS-BA) afirmou que o "prejuízo" que a delação premiada dos irmãos Batista trouxe para o País é "um fato consumado", sobretudo para a economia do País, já que, depois que o acordo veio à tona, a reforma ficou inviabilizada.

"Não é razoável que Janot ainda tenha vontade de fazer essa segunda denúncia. É importante que a PGR tenha sensatez nesse momento", disse.

Para o líder do DEM, deputado Efraim Filho (PB), eventuais provas obtidas sob ilicitude devem ser anuladas. "Uma segunda denúncia começa agora terá que ser analisada de maneira mais profunda", disse.

Presidente em exercício da Câmara, André Fufuca (PP-MA), evitou se manifestar sobre o assunto. Segundo ele, não há como avaliar se os novos fatos enfraquecem a segunda denúncia que pode ser apresentada contra Temer porque antes é preciso conhecer o teor da acusação.

"Eu só poderia afirmar se enfraquece ou não depois de termos conhecimento. Mas a Câmara não vai se furtar do seu papel, que é respeitar o regimento da Casa", disse.

PSDB

Um dos defensores de que o PSDB deixe a base aliada, o líder do partido, Ricardo Tripoli (SP), adotou um tom diferente dos demais integrantes da base aliada. Para ele, as provas que foram produzidas a partir dos depoimentos da delação "não podem ser jogadas fora". "Minha impressão é de que não há comprometimento das provas", disse.

Essa também foi a opinião dos deputados da oposição. Para Chico Alencar (PSOL-RJ), os novos elementos trazidos por Janot não negam o que foi dito contra Temer pelos delatores.

O deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) também negou que as novas revelações enfraqueçam a apresentação de uma segunda denúncia. "Todas as provas contra Temer permanecem válidas. Isso não fragiliza e nem coloca em questão tudo que foi revelado", disse.

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