(FENTECT/Divulgação)
Carla Aranha
Publicado em 11 de setembro de 2020 às 17h09.
Última atualização em 11 de setembro de 2020 às 20h29.
A greve dos Correios continua. Não houve acordo na audiência de conciliação desta sexta-feira, dia 11, entre os representantes dos trabalhadores e a empresa. A paralisação será julgada no próximo dia 21 no Tribunal Superior do Trabalho.
O clima foi de tensão na audiência virtual de conciliação da greve dos Correios, que durou mais de 2 horas. Segundo informações dos sindicatos dos trabalhadores presentes à reunião, a direção dos Correios não apresentou uma contraproposta. A audiência, promovida pelo Tribunal Superior do Trabalho, começou às 15h desta sexta-feira, 11.
A principal demanda da categoria é a manutenção do acordo coletivo firmado em 2019, com vigência prevista até 2021, que foi suspenso pelos Correios em razão da pandemia. Cerca de 70 cláusulas trabalhistas deixaram de vigorar, entre elas a licença-maternidade de 180 dias, pagamento de adicional noturno, auxílio-creche e indenização por morte.
No dia 1º de agosto, a direção dos Correios anunciou que o contrato coletivo seria revogado em razão da pandemia do coronavírus e conseguiu uma liminar favorável no Supremo Tribunal Federal (STF). Em outubro do ano passado, foi acertado, com anuência do Supremo Tribunal do Trabalho, um reajuste de 3% nos salários dos trabalhadores e a manutenção das cláusulas do acordo coletivo até 2021. Com a pandemia, a direção dos Correios entendeu que as regras do jogo deveriam mudar.
A greve completa 25 dias nesta sexta, dia 11. Agora, o caso será levado a julgamento no Supremo Tribunal do Trabalho. A expectativa é que isso aconteça por volta do dia 21. “Até lá, a greve continua”, diz Marcos Cesar Alves, vice-presidente da Associação dos Profissionais dos Correios.
A categoria não estava otimista em relação à possibilidade de fechar um acordo com a direção da estatal nesta sexta. A greve já caminha para a quarta semana.
Os trabalhadores dos Correios também são contra a privatização da estatal. “O governo busca a qualquer custo vender um dos grandes patrimônios dos brasileiros, os Correios, e entregá-lo a empresas estrangeiras”, diz José Rivaldo da Silva, presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios e Similares (Fentec).
De acordo com informações do Ministério da Economia, o novo marco legal do setor postal deve ser encaminhado ao Congresso nas próximas semanas. O envio da medida é o primeiro passo para o processo de privatização dos Correios, uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro.
Uma pesquisa EXAME/IDEIA, projeto que une EXAME Research, braço de análise de investimentos da EXAME, e o IDEIA, instituto de pesquisa especializado em opinião pública, mostra que 40% dos brasileiros apoiam a privatização da estatal.
A posição dos Correios:
"Desde o início da negociação do Acordo Coletivo de Trabalho 2020/2021, a empresa tem sido transparente sobre sua situação econômico-financeira, agravada pela crise mundial causada pela pandemia de covid-19. Situação, inclusive, que vem sendo reiterada ao TST, que julgará a ação de dissídio”, disse a empresa por meio de nota à imprensa.
Os Correios declaram que seguem trabalhando com o Plano de Continuidade de Negócios para minimizar os impactos à população, sobretudo nesse momento em que os serviços da empresa são ainda mais essenciais para pessoas físicas e jurídicas.