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Reunião da CCJ é paralisada após acusação de deputado estar armado

Discussão em que seria lido relatório sobre a reforma da Previdência tem confusão entre deputados após questão de ordem

Confusão entre deputados na CCJ (Adriano Machado/Reuters)

Confusão entre deputados na CCJ (Adriano Machado/Reuters)

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Reuters

Publicado em 9 de abril de 2019 às 19h03.

Última atualização em 9 de abril de 2019 às 20h28.

Brasília - A reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados foi interrompida por 10 minutos nesta terça-feira (10), após tumulto entre deputados governistas e da oposição.

A oposição questionava decisão do presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), que negou questão de ordem sobre a possibilidade de um pedido de vista do processo antes da leitura do parecer.

O presidente tentou passar a palavra ao relator da reforma da Previdência na CCJ, Delegado Marcelo Freitas (PSL-MG), mas ele não chegou a iniciar sua fala.

Integrantes da oposição, com o regimento interno da Câmara dos Deputados em mãos, levantaram-se de suas cadeiras e foram à mesa, onde se encontra o presidente.

Deputados governistas também se dirigiram à mesa, e iniciou-se uma discussão. Parlamentares que permaneceram em suas bancadas afirmaram no microfone que um dos integrantes do governo, o líder do PSL, Delegado Waldir (PSL-GO), estaria armado, o que contraria o regimento.

Os ânimos se exaltaram e muitos deputados se aglomeraram em torno de Francischini. Vários deputados pediam para chamar os seguranças e fechar o plenário.

Sem controle da sessão, Francischini não teve outra saída a não ser suspendê-la por 10 minutos. Ele convocou uma reunião com os coordenadores numa sala ao lado do plenário.

Deputados da oposição alegam que o Delegado Waldir se desfez da arma. Ele negou que estivesse armado e alegou que estava apenas carregando o coldre de sua pistola e que não entra no Congresso carregando arma de fogo.

Após a sessão ser retomada, o relator retomou a palavra e leu o seu parecer favorável à admissibilidade da reforma.

Conflito

O tumulto sobre a arma não foi o único da sessão. Mais cedo, parlamentares que compõe o bloco de sustentação haviam se indignado com o tempo de fala da líder do governo no Congresso, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP).

O deputado Expedito Netto (PSD-RO) levantou aos gritos reclamando que a líder estava usando todo o tempo do bloco, de cinco minutos.

O governo tentou acelerar a leitura do parecer da reforma da Previdência na CCJ e havia orientado lideranças favoráveis à reforma a orientar o voto de maneira mais célere para poupar tempo.

A fala extensa de Joice irritou os aliados, e o mais exaltado foi Expedito Netto, que chegou a dizer fora do microfone "é só ela calar a boca".

O deputado do PSD tentou pedir a palavra, gritou algo inaudível a Joice e ela devolveu dizendo "mentiroso".

O presidente da CCJ, Felipe Francischini (PSL-PR), interveio e pediu "respeito" e chegou a dizer que, para reivindicar o tempo, o PSD precisaria sair do bloco que integra junto com o PSL. "Então vamos sair do bloco", bradou Netto.

Nessa hora, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) também tentava interromper Joice. Antes, as duas haviam protagonizado um embate praticamente pessoal, pois a petista reclamava da presença de Joice à mesa, e a líder começou a gravar a deputada da oposição.

Francischini disse que todos os deputados têm "liberdade de expressão" no plenário da CCJ. "Fiquem à vontade para filmar, chega de hipocrisia. Sou a favor da democracia e da transparência", provocou Joice.

A líder do governo já havia dito que as deputadas da oposição estavam se comportando "como crianças mimadas que perderam chupeta". "Na semana passada também vimos cenas lamentáveis. Não adianta entrar em sequência de mentiras, criticar governo que acabou de chegar", afirmou Joice.

"Os privilégios são defendidos por uma casta de lobistas. É hora de enfrentar lobby de poderosos, a reforma da Previdência é justa", afirmou. "Quem não quer ficar se escondendo em hipocrisias e mentiras e defende os mais pobres vota a favor", emendou a líder do governo.

A deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), por sua vez, disse que os governistas agiram com "canalhice, desdém e chacotas" contra Maria do Rosário e questionou a articulação do governo para acelerar a leitura do parecer.

"Se governo está tão certo de que reforma é justa, por que a pressa?", indagou. Ela ainda criticou a iniciativa de capitalização, proposta pelo governo. "Só não tem mais gente contra a capitalização porque não sabem bem que bicho é esse", afirmou.

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