Agência de notícias
Publicado em 6 de agosto de 2025 às 16h52.
Última atualização em 6 de agosto de 2025 às 17h04.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou nesta quarta-feira que a “responsabilidade maior” pela imposição das novas tarifas dos Estados Unidos a produtos brasileiros é da família Bolsonaro.
Segundo ele, o próprio deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) reconheceu publicamente seu papel nas articulações que levaram à medida.
— É claro que se envolve um componente da atuação do próprio presidente da República. Mas está muito claro que a responsabilidade maior da imposição desse sacrifício ao Brasil e aos brasileiros está na família Bolsonaro — disse ele, acrescentando: — Eles próprios avocam essa responsabilidade. O deputado Eduardo Bolsonaro admite isso. Mas não dá para negar que muitas manifestações feitas pelo presidente Lula, de alguma forma, colaboraram para criar um ambiente de animosidade.
Leite se reuniu com o vice-presidente Geraldo Alckmin, nesta quarta. Entre as falas de Lula que, segundo Leite, prejudicaram a relação com Washington, ele citou críticas ao dólar e declarações de tom antiamericano.
O governador defendeu que o governo brasileiro adote “sobriedade e serenidade” no diálogo com os EUA, apontando o Canadá como exemplo de país que, mesmo alvo de provocações, manteve relações diplomáticas estáveis para evitar danos econômicos.
O encontro com Alckmin tratou do tarifaço — que prevê sobretaxa de 50% para diversos produtos — sobre a economia gaúcha e das negociações para ampliar a lista de exceções junto ao governo americano. Entre os setores mais atingidos no estado, Leite citou a indústria de armas e munições, calçadista, metalmecânica e madeireira.
O governador disse ter ouvido de Alckmin que está em elaboração um “pacote robusto” de medidas para dar fôlego às empresas mais impactadas. Leite comparou a situação às enchentes no Rio Grande do Sul e à pandemia, defendendo que políticas semelhantes sejam aplicadas para preservar empregos e atividade econômica.
No âmbito estadual, o Rio Grande do Sul já colocou em operação uma linha de crédito subsidiada via Bando Regional de Desenvolvimento e está finalizando um programa para agilizar a transferência de créditos de ICMS acumulados por exportadores.
Leite afirmou que o seu estado tem capacidade limitada para reagir à crise e cobrou que o governo federal concentre esforços fiscais nos setores mais afetados.
— Não adianta ter programas que sejam largos para atender empresas que eventualmente não sejam grandes exportadoras e acabam consumindo muito esforço fiscal, sem ter um benefício direto de sustentação dos empregos — afirmou.