Trabalho escravo: no estado de São Paulo, foram encontrados 419 trabalhadores nessa situação (Janduari Simões)
Da Redação
Publicado em 18 de junho de 2014 às 17h33.
Rio - Em 2013, 2.063 trabalhadores em situação análoga à escravidão foram resgatados por órgãos policiais e de proteção.
Pela primeira vez, mais pessoas foram resgatadas em áreas urbanas do que em rurais, desde 1995, quando começou a série histórica do Ministério do Trabalho (MTE).
No estado de São Paulo foram encontrados 419 trabalhadores nessa situação, principalmente cidadãos latinos, trabalhando em confecções.
Minas lidera o ranking, com 446 trabalhadores encontrados em 25 estabelecimentos.
O Rio de Janeiro aparece na sexta posição, com 129 resgatados e diversos casos na construção civil. Pará, Bahia e Goiás são os Estados onde houve mais resgates de trabalhadores na área rural.
Entre os principais problemas identificados estão os alojamentos precários, condições insalubres de trabalho e alimentação, até a prisão física no local de trabalho.
Também no ano passado, foram identificados cerca de 110 casos de tráfico de pessoas (principalmente brasileiros) no Rio, a maioria para atuar na construção civil, comércio e serviços.
As informações foram divulgadas por Ebenezer Oliveira, coordenador estadual no Rio do projeto Gift Box, durante lançamento da terceira etapa da campanha de enfrentamento ao tráfico de seres humanos e exploração sexual, no Santuário da Penha, no bairro de mesmo nome na zona norte, nesta quarta-feira, 18.
Em todo o país, foram registradas quase 600 situações de tráfico internacional de pessoas.
"O Rio é a segunda maior porta de saída para exploração sexual em outros países, atrás apenas de São Paulo". Os estados possuem os dois maiores aeroportos do País.
A exploração sexual ainda é a modalidade mais comum de trabalho escravo. O secretário nacional de Justiça, Paulo Abraão, apontou o perfil das vítimas em todo o país: mulheres entre 14 e 28 anos, baixa renda e pouca escolaridade, o que está muito relacionado com questões culturais brasileiras.
A divulgação da campanha durante a Copa tem relação direta com o aumento da quantidade de turistas no país e da vulnerabilidade das vítimas.
No entanto, "não há estatísticas concretas que comprovem o aumento do tráfico e da exploração sexual de pessoas nos grandes eventos. O que não quer dizer que não haja", explicou.
Para ter dados consolidados e estatísticas mais seguras os órgãos policiais e de proteção nacionais e estaduais adotaram um formulário padrão desde o início do ano para evitar subnotificação dos casos.