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Reservatórios da Cantareira têm pior nível em 10 anos

Represas estão com 25% de sua capacidade e liberando água para garantir o abastecimento nesse atípico período de seca no verão

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2014 às 19h15.

Campinas - Com o mais baixo volume de chuva da história para o mês de dezembro, os reservatórios do Sistema Cantareira - principal fonte de abastecimento de água das regiões metropolitanas de São Paulo e Campinas - atingiram seu pior nível de armazenamento dos últimos 10 anos. Em uma época que eles deveriam ser recarregados, as represas estão com 25% de sua capacidade e liberando água para garantir o abastecimento nesse atípico período de seca no verão.

O cenário colocou em alerta a Companhia de Abastecimento do Estado de São Paulo (Sabesp) - que opera o Cantareira -, companhias de água do interior e órgãos gestores das bacias hidrográficas, que emitiram alertas essa semana sobre o risco de desabastecimento nos próximos meses, caso não comece a chover em maior volume.

"É um cenário bastante preocupante. De dezembro a fevereiro são os meses que chove muito. É quando é feito o armazenamento de água nos sistemas para garantir o abastecimento durante o inverno, que chove muito pouco", explica José Cezar Saad, do Consórcio das Bacias do Piracicaba, Capivari e Jundiaí.

Formado por seis represas, o Cantareira retira água de rios que nascem em Minas Gerais e cortam o interior paulista para armazenar e garantir o abastecimento de 47% da Grande São Paulo e 60% da capital - um total de 8,8 milhões de pessoas. Na região de Campinas, ele abastece mais 5,5 milhões de pessoas.

Nas duas maiores represas do sistema (Jaguari e Jacareí), que respondem por mais de a metade da água produzida pelo Cantareira, o cenário é crítico. "Em janeiro essas represas deveriam estar com um nível acima de 50% e estão hoje com 22% e liberando água para manter os rios com água", conta Saad.


Chuva

Segundo a Sabesp, o volume de chuva no sistema no mês de dezembro ficou bem abaixo do menor volume da história. Em média, são esperados 226 milímetros de precipitações acumuladas no período, sendo que choveu apenas 60mm. No ano mais seco até agora, o volume de chuvas tinha sido de 104mm. "Em janeiro de 2012 os reservatórios estavam com 69% da capacidade. No ano passado, eles chegaram a 48%. Chegamos agora em 25% e nossa preocupação é que se não voltar a chover dentro da média, falte água no inverno", afirmou o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massatto.

A tendência é que janeiro também seja um período seco. A média esperada para o mês é de 335mm de chuva, mas o volume registrado até agora foi de 14mm - se continuar assim, até o fim do mês terá chovido 45mm.

Economizar água

Além de não encher os reservatórios - essenciais para manter o abastecimento no período de estiagem, que vai de abril a setembro -, o tempo seco reduz a vazão de água nos rios e o calor faz aumentar o consumo. O Piracicaba, por exemplo, formado pelos dois principais mananciais do Cantareira (Jaguari e Atibaia) , registrou em dezembro um volume de 33 mil litros de água por segundo, quando a média histórica para o período é de 214 mil l/s.

"Precisamos que as pessoas se conscientizem que é preciso economizar água, mesmo nesse período de calor extremo", afirma Massato. Desde o começo de dezembro o Consórcio do PCJ alerta sobre os riscos de desabastecimento em 2014. Segundo equipes técnicas do órgão, "caso as chuvas não se intensifiquem nos próximos meses é provável que o Cantareira enfrente estresse hídrico já no mês de março de 2014".

O alento vem de um estudo feito por pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que identificou alterações nos períodos normais e chuvosos. Coordenado pelo professor Antônio Carlos Zuffo, da Faculdade de Engenharia Civil, o estudo aponta que a estiagem pode ter se prolongando, retardando também o período de mais chuvas.

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