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Requião Filho (PMDB): represento o novo em Curitiba

Camila Almeida  A campanha para a prefeitura de Curitiba tem dois políticos tradicionais na frente. O ex-prefeito Rafael Greca (PMN) lidera com 28% das intenções de voto, seguido pelo prefeito Gustavo Fruet (PDT), com 19%. O terceiro colocado é Requião Filho (PMDB), com 16% das intenções de voto. Aos 36 anos, ele é herdeiro político […]

REQUIÃO FILHO: “o que aconteceu foi um jeitinho para tirar a presidente… e jeitinho me preocupa muito” / Divulgação

REQUIÃO FILHO: “o que aconteceu foi um jeitinho para tirar a presidente… e jeitinho me preocupa muito” / Divulgação

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Da Redação

Publicado em 9 de setembro de 2016 às 13h26.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h49.

Camila Almeida 

A campanha para a prefeitura de Curitiba tem dois políticos tradicionais na frente. O ex-prefeito Rafael Greca (PMN) lidera com 28% das intenções de voto, seguido pelo prefeito Gustavo Fruet (PDT), com 19%. O terceiro colocado é Requião Filho (PMDB), com 16% das intenções de voto. Aos 36 anos, ele é herdeiro político do atual senador e ex-governador do estado, e adora falar nas qualidades e conquistas do pai. O problema é que Roberto Requião, o pai, está isolado no PMDB por ter sido um dos grandes críticos do impeachment, e perdeu a última corrida ao governo no Paraná para Beto Richa (PSDB). Até que ponto essa ligação trará vantagens na corrida à prefeitura? Requião filho concedeu a seguinte entrevista a EXAME Hoje.

Qual foi a motivação principal para o senhor entrar na política e seguir o caminho de seu pai?
Eu, com 18 anos, achava que não ia entrar na política. Eu via meu pai em eleições a cada quatro anos, aquela loucura. Participei de todas as campanhas dele, e terminei como coordenador-geral. Para quem vive só de política e não faz trambique, não tem outros negócios, é uma vida apertada para a família. Mas, quando eu tinha 30 anos de idade, na última eleição para governador, em 2010, o PMDB começou a se entregar pro PSDB aqui no Paraná. E eu, para defender o partido do qual sou filiado desde os 16 anos de idade, comecei a fazer reuniões com diretórios municipais, com os delegados. Depois disso, surgiu meu nome como candidato a deputado estadual, e eu consegui me eleger.

Quando sua candidatura foi lançada, o senhor falou ” agora o PMDB de verdade está na disputa”. Poderia explicar?
Nós do PMDB não apoiamos o governo do PSDB aqui do Paraná. É um governador que está com seu staff envolvido em diversos escândalos de corrupção, sendo investigado, foi o governo que mandou surrar professores em praça pública… Então o PMDB de verdade, o PMDB que lê o estatuto, o PMDB de fibra não aceita apoiar esse governo. É essa a diferença.

Essa relação conflituosa com o governo não pode atrapalhar sua governabilidade e a cidade, caso o senhor seja eleito?
O governador será tratado por mim, como prefeito, de forma republicana. Vou cobrar dele as obrigações que ele tem com a cidade. Eu não preciso tomar café da manhã na casa dele nem participar do churrasco no domingo. Eu só vou exigir o mínimo respeito e vou tratá-lo de acordo com o cargo.

Seu pai foi um dos maiores opositores impeachment de Dilma Rousseff. Como isso pode impactar sua relação com o PMDB em nível nacional?
Não nos atrapalha porque o nosso diretório está legalmente constituído. Eles não teriam como, e nem querem, fazer uma briga conosco. É uma condição que o Requião defende desde sempre. O Requião [o senador Roberto Requião, seu pai] é o mesmo desde que ele entrou na política pela primeira vez com mandato nos anos 1980. O Temer conhece o Requião, o Padilha conhece o Requião, o PMDB nacional conhece o Requião. Não foi surpresa para ninguém.

E o senhor concorda com essa posição?
Eu acho que o que aconteceu foi um jeitinho brasileiro pra tirar uma presidente. Ela estava sem condições de ficar no cargo, tinha brigado com todo o Congresso, não tinha mais diálogo com nenhum dos poderes. E jeitinho é algo que me preocupa muito. Quando tem uma minoria no poder, e passa a usar do jeitinho, a gente tende a perder direitos. Eu acho muito perigoso pra democracia.

Vocês também têm sido muito críticos em relação à atuação do juiz Sergio Moro durante a Operação Lava-Jato. E ele é tido como um herói em Curitiba. Como o nome dele vai impactar na campanha municipal?
Nós gostamos e apoiamos muito o Sergio Moro, e achamos que a Operação Lava-Jato é necessária. O que a gente não gosta é quando a força midiática é mais forte que a força jurídica. O Requião não gostou quando o Sergio Moro vazou o grampo. Não pelo teor das conversas, mas porque há um rito a ser seguido. As regras existem para isso, para garantir igualdade para mim e para você. É perigoso quando se passa a jogar para a torcida. Eu vejo no Sergio Moro um bom trabalho, um bom juiz, mas prefiro chamar “herói” um policial, um bombeiro, e não um juiz.

O senhor fala muito em seu pai. O Paraná tem tradição de famílias na política – dois de seus adversários, Ratinho e Fruet, são herdeiros políticos. Até que ponto isso é uma vantagem?
Eu imagino que se meu pai fosse advogado e eu quisesse assumir o escritório, ninguém iria achar ruim, né? Mas não se herda, nem aqui, nem em Fortaleza. Eu posso usar o nome, usar a marca, mas tive que conquistar os meus votos. Consegui mais de 50.000 votos pra chegar lá. Eu tenho um trabalho de destaque na Assembleia Legislativa do Paraná. Com meu primeiro mandato, já sou líder da oposição. Isso se deu por causa do meu trabalho e por causa das decisões que eu tomei dentro da Assembleia.

O que deve ser prioridade hoje em Curitiba?
Transparência e saneamento básico. A prefeitura gasta muito, e gasta mal. Tem muito cargo comissionado, tem muitos contratos que precisam ser revistos, tem pouco investimento hierarquizado — a prefeitura tem que saber onde e como ela deve investir o dinheiro público. Depois nós temos um projeto de frentes de trabalho pra garantir empregos para os chefes de família, tanto homens quanto mulheres, e com isso vamos buscar resolver, com pequenas inserções, alguns problemas urbanos que temos hoje como: terrenos com o mato muito alto, calçadas mal conservadas, iluminação… A frente de trabalho gera emprego, tendo emprego diminui-se a violência e garante-se a dignidade humana.

Seus dois principais adversários, Rafael Greca e Gustavo Fruet, são políticos experientes. Qual a estratégia de campanha?
Um é prefeito e o outro já foi prefeito. Eles já tiveram as chances deles. Então eu acho que é um pouco “nós contra eles”. É um embate entre quem quer fazer a boa política e esse pessoal da velha política que vem ancorado em grandes grupos econômicos e grandes interesses. O apoio do governador ao Greca significa o apoio do que há de pior na política do Paraná. Curitiba precisa de coragem para mudar, coragem para fazer uma campanha diferente, fazer um governo diferente.

O fato de o senhor já vir de uma família tradicional na política não atrapalha esse seu discurso da renovação?
Não, porque nós não fazemos essa velha política. Nós estamos em contato com o que a rua quer, com o que o povo quer, nós temos a capacidade de nos reinventar. Transparência e eficiência sempre será um discurso moderno — ainda mais quando a gente trata do uso do dinheiro público. Essa é a nova política: uma política de prefeito que vai sair do gabinete, que vai andar nos bairros pra conhecer a realidade da cidade. É a política do prefeito que não se esconde atrás de marqueteiro, a minha campanha não tem marqueteiro. É isso que eu espero de Curitiba, esperaria de um governador e de um presidente.

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