Fiesp diz que decisão do Banco Central traz malefícios sobre os investimentos e o câmbio (Luiz Fernando Oliveira de Moraes/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 8 de dezembro de 2010 às 21h01.
São Paulo - A decisão do Banco Central (BC) de manter os juros em 10,75% ao ano foi vista com críticas pelos representantes da indústria e do comércio. Para a Federação Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), a atual política monetária aumenta o risco de "engessar a economia" brasileira.
"Manter a taxa Selic é uma decisão equivocada, pois vários setores da economia estão desacelerando, entre eles o automotivo e o imobiliário. Apenas o setor alimentício tem apresentado inflação nos preços, porém isso tem ocorrido devido a condições climáticas que interferem no resultado da safra", argumenta a Fecomercio em nota.
Para a entidade, a medida da equipe de Meirelles não irá alcançar o controle da inflação como desejado. "Ela vai premiar apenas o capital especulativo, além de aumentar a dívida do governo."
Também crítica da atual política monetária, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) diz que o cenário dos juros não provoca apenas "malefícios sobre os investimentos. A sobrevalorização cambial derivada desta anomalia completa o ciclo de entraves ao setor produtivo."
Já a Confederação Nacional da Indústria (CNI) manifesta opinião destoante. Seu presidente, Robson Braga de Andrade, avaliou como "mais acertada" a manutenção da Selic. Segundo ele, as medidas de restrição ao crédito anunciadas pelo Banco Central na semana passada já mostram a preocupação do BC com o excesso de liquidez na economia e seus impactos sobre a trajetória da inflação.
Andrade ressalta, entretanto, que o patamar dos juros no país é dos mais elevados do mundo. Na opinião do executivo, o uso dos altos juros como forma de controle da inflação "impõe elevado custo ao setor produtivo e pressiona a valorização do real."
De acordo com o presidente da CNI, a âncora da estabilidade da economia não pode ser apenas a política monetária. “Não é aceitável um novo ciclo de elevação dos juros sem ajustes no lado fiscal. É imprescindível dar maior peso à política fiscal, com a imposição de limites aos gastos correntes”, conclui.
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