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Repatriação e Lava Jato retiraram US$ 1,5 bi de bancos suíços

O país divulgou que até o fim de 2016 havia US$ 2,4 bilhões em nome de brasileiros depositados oficialmente nos bancos - esse é o volume mais baixo desde 98

Suíça: em 2007, por exemplo, o volume chegava a US$ 4,6 bilhões (Michele Tantussi/Getty Images)

Suíça: em 2007, por exemplo, o volume chegava a US$ 4,6 bilhões (Michele Tantussi/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 30 de junho de 2017 às 11h08.

Genebra - O programa de repatriação de recursos do governo federal e o impacto da Operação Lava Jato afetaram o fluxo de ativos de clientes brasileiros nos bancos suíços.

Dados oficiais divulgados na quinta-feira, 29, pelo Banco Nacional da Suíça (o banco central local) apontaram que havia US$ 2,4 bilhões em nome de brasileiros depositados oficialmente nos bancos do país até o fim de 2016. O volume é o mais baixo desde 1998.

Em 2007, por exemplo, o volume chegava a US$ 4,6 bilhões. Em anos como 2000, o total chegou a US$ 6 bilhões. Em comparação a 2015, a redução foi de mais de US$ 1,5 bilhão.

O valor se refere ao dinheiro de correntistas que tenham declarado sua origem e se apresentaram como brasileiros. A estimativa de pessoas ligadas ao mercado financeiro suíço é de que a fortuna real dos brasileiros em bancos do país europeu atinge valores bem superiores. Mas estão em nome de empresas offshore. Ainda assim, os dados do BC suíço servem como um termômetro.

Segundo a Receita Federal, por conta do programa de repatriação, foram regularizados até abril R$ 152,7 bilhões depositados no exterior. Mas permanecem fora do Brasil R$ 126,1 bilhões. O Banco Central registrou a entrada no País de R$ 26,6 bilhões. Desses, R$ 3,5 bilhões estavam na Suíça.

O programa de repatriação de recursos, realizado no ano passado, foi assunto dos bancos suíços nos últimos meses. O Credit Suisse, um dos maiores bancos do mundo, admitiu em seu informe anual que programas de regularização promovidos na América Latina em 2016 contribuíram para uma fuga de capital do banco.

A fuga teria chegado a US$ 1,5 bilhão apenas de clientes latino-americanos. Em seu informe, o banco não cita o nome de países. Mas, em 2016, Brasil e México foram os principais mercados onde se promoveu uma anistia fiscal na América Latina.

O Credit Suisse, que insiste em ter apenas clientes com recursos regularizados, é a segunda instituição financeira suíça a apontar para o mesmo fenômeno.

O Julius Baer indicou que também registrou queda de ativos de clientes das Américas. Entre dezembro de 2015 e dezembro de 2016, cerca de US$ 227 milhões de clientes do continente americano deixaram o banco.

"As incertezas políticas em diversos países na região, assim como programas voluntários de repatriação, continuam a pesar, em especial no fluxo de ativos."

Lava Jato

Outro fator que pesou para os números de 2016 foi o impacto da Operação Lava Jato. Fontes do sistema financeiro suíço indicaram à reportagem que muitos bancos passaram a ter "cautela" ao aceitar a abertura de novas contas de brasileiros, enquanto mais de mil contas foram bloqueadas pelo Ministério Público da Suíça relativas à corrupção no Brasil.

No total, US$ 1,1 bilhão está congelado e, desse montante, US$ 190 milhões já foram devolvidos ao Estado brasileiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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