Renan Calheiros. (Adriano Machado/Reuters)
Agência O Globo
Publicado em 21 de julho de 2022 às 19h30.
Última atualização em 21 de julho de 2022 às 20h01.
A ala do MDB que defende o apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno das eleições ameaça entrar na Justiça contra a realização da convenção virtual da sigla no próximo dia 27, quando seria homologada a candidatura presidencial da senadora Simone Tebet (MS).
Um dos entusiastas da candidatura de Lula, o senador Renan Calheiros (AL) disse que o presidente do MDB nacional, Baleia Rossi, tem conduzido o processo de escolha da candidatura presidencial de forma "antidemocrática" e sem diálogo com aqueles que se opõe a Tebet, o que seria inclusive o argumento jurídico para questionar a convenção. No entanto, a direção nacional do MDB questiona essa afirmação e diz que a executiva da legenda realizou pelo menos cinco reuniões em que o senador não se manifestou sobre o assunto.
— A postura do Baleia de não conversar sobre alternativas e levar à frente essa obsessão de uma candidatura sem chance nos deixa com um único caminho: a judicialização — afirma o senador Renan Calheiros (AL), que deve entrar com a medida até a próxima quarta.
Os caciques do MDB a favor de Lula foram recebidos pelo ex-presidente Michel Temer na terça-feira. Temer ouviu o pedido de prorrogação e de realização da convenção presencial e o encaminhou à Baleia. Não prosperou, no entanto. Horas depois, o presidente do MDB publicou no Twitter que a convenção estava mantida. O grupo pró-Lula tem lideranças de peso nacional na sigla, mas não tem o controle dos diretórios estaduais, cuja maioria apoia Tebet. Em meio ao racha no partido, dirigentes da legenda assinaram um manifesto de apoio a Tebet na segunda-feira. Essa reação veio logo após o encontro na segunda de Lula com caciques emedebistas do Norte e Nordeste.
Renan alerta para o risco da candidatura de Tebet levar ao encolhimento da bancada do MDB e da sigla em geral, já que ela ainda não decolou nas pesquisas de intenção de voto. No último levantamento do instituto Datafolha, Tebet aparece com 1%.
Renan afirma que a senadora é um "grande quadro" do MDB, mas que o cenário de polarização entre o ex-presidente Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL) está consolidado e praticamente não deixa margem para nomes alternativos.
Segundo Renan, Baleia teria dito que a candidatura de Tebet estava vinculada a uma aliança do MDB ao governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB). No entanto, o paulista também abriu seu palanque para o pré-candidato Luciano Bivar (União Brasil). Outra alegação, ainda de acordo com o senador, seria de que a candidatura de Tebet "resguardaria" os candidatos do MDB nos estados que preferem optar pela neutralidade entre Lula e Bolsonaro. A ala pró-Lula da sigla ainda critica o impasse com da aliança de Tebet com o PSDB, que condicionou a indicação da vice da senadora ao apoio do MDB no Rio Grande do Sul ao ex-governador Eduardo Leite. O que ainda não ocorreu.
LEIA TAMBÉM