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Renan Filho é eleito governador de Alagoas

Deputado foi eleito o governador mais novo de Alagoas, com 52,38% dos votos


	Renan Filho (PMDB): eleito governador mais jovem de Alagoas
 (Campanha Renan Filho/Divulgação)

Renan Filho (PMDB): eleito governador mais jovem de Alagoas (Campanha Renan Filho/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 7 de outubro de 2014 às 09h12.

Maceió - O deputado federal Renan Filho (PMDB) foi eleito neste domingo, 5, o governador mais novo de Alagoas, com 52,38% dos votos.

Sob a égide da "nova política", sua vitória no primeiro turno é fruto do esforço de membros da velha política, entre eles seu pai, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o ex-presidente e senador reeleito Fernando Collor de Mello (PTB).

Eleito governador mais jovem de Alagoas, a vitória é um presente de aniversário para Renan Filho, que completa 35 anos nesta quarta-feira, 8.

Para o pai, faz parte do plano de governar o Estado, presidir o Senado e ainda consolidar o filho como uma nova liderança do Nordeste, de olho no vácuo deixado pela morte do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), no dia 13 de agosto.

Jovem, mas não despreparado como ele mesmo disse, Renan Filho garante estar preparado para o desafio de comandar o mais violento e um dos mais pobres estados do País e ainda cumprir o papel político desenhado pelo pai.

Velhas práticas

Levada ao centro do debate eleitoral, a cidade de Murici, a 50 quilômetros de Maceió, é o berço da família Calheiros, que comanda a prefeitura desde 1996.

É ela quem mais coloca em xeque os principais motes da campanha vitoriosa de Renan Filho: o da "mudança" e da "nova política".

"Venho de uma nova geração da política", afirmou o peemedebista ao votar pela manhã, em Maceió, ao lado da mulher, Renata, e do filho Vitor, de 3 anos.

Na noite do sábado, véspera da eleição, a reportagem visitou a cidade e a casa da família Calheiros.

Moram nela o irmão do presidente do Senado e prefeito da cidade, Remi Calheiros (PMDB), a secretária de Assistência Social e primeira-dama, Soraia Calheiros, que controla os cadastrados assistencialistas, e a matriarca Ivanilda.

O local, uma espécie de escritório político e extensão da prefeitura, vira ponto de peregrinação de eleitores, em busca de dinheiro que vive com as portas abertas.

"Viemos da fazenda, mas hoje está demorando. O prefeito parece que saiu", conta dois agricultores acompanhados de um jovem. Pergunto quanto eles iam receber.

"Uns R$ 20,00", conta ele, até a chegada de um membro da família Calheiros, que diz que não há quem dê entrevistas no local.

Sem ter alguém que receba as pessoas na porta, a casa tem acesso livre aos cômodos sociais, como varanda, sala de jantar e a sala de TV, onde estão retratos da família no pouco espaço que sobra na estante tomada por troféus de futebol.

No portão ao lado, que dá acesso direto a parte reservada da casa, onde estão os familiares e as pessoas são recebidas para conversar, entra um carro.

"Deve ter trazido mais dinheiro", brinca um dos peregrinos. A família nega qualquer distribuição de dinheiro. Diz apenas que recebe os moradores como faz durante todo ano.

Na saída da cidade, passam das 21h, quando pelo menos cinco carros com policiais militares tentam resolver um conflito entre militantes prós e contras a família Calheiros. Além de Renan Filho, o tio Olavo Calheiros é candidato a deputado e deve ser eleito.

O comandante do 2º Batalhão da Polícia Militar, em Murici, coronel Walter do Valle, afirma tradicionalmente os políticos locais colocam seus cabos percorrendo o município de carro durante a madrugada e as famílias ficam com as casas abertas esperando por dinheiro.

"Isso é comum. Quando flagramos, prendemos. Na comarca vizinha o juiz estipulou que depois das 22h, além de bebida, fica fechada a cidade. Qualquer veículo circulado a partir das dez horas da noite é alvo suspeito. Quanto maior a cidade, mais tranquilo ela é. Quanto menor, mais provinciana, mais acontece isso porque cria facções", critica.

Em sua campanha, Renan Filho apresentou uma Murici que só existe nas peças publicitárias.

Nos discursos, entrevistas e propagandas de TV e rádio, o município de 26 mil habitantes com baixo índice de desenvolvimento e de infraestrutura precária tem escolas em tempo integral, polo industrial gerador de empregos. Na realidade, a história é outra.

Em Murici, só metade (53%) das 6.114 casas têm saneamento adequado e 30% da população acima de 15 anos não sabe ler nem escrever, diz o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Ao todo, são 3.705 pessoas vivendo em casas com saneamento inadequado, sendo que 80% têm rendimento nominal per capita de até meio salário mínimo.

Vive-se em Murici com uma renda mensal domiciliar per capita nominal de R$ 228,00.

É a prefeitura, nas mãos da família Calheiros há 18 anos, a maior geradora de emprego, é ela quem distribui as casas feitas com verba da União, é quem dá alimento para completar a mesa daqueles que são cadastrados nas listas assistencialistas.

Renan Filho enfatizou também a melhora de vida.

Quando ele foi prefeito a partir de 2005 - pegando as chaves do gabinete das mãos do tio, Remi Calheiros ao fim de dois mandatos e agora novamente o prefeito pela terceira vez - a taxa de pessoas com 15 ou mais anos que eram analfabetas em 2000 era de 43%.

Quando saiu em 2010 no meio do governo para ser deputado federal e deixar no seu lugar novamente o tio, que era seu vice, a taxa havia caído para 30%.

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