Brasil

Renan diz que foi contra reconduzir Janot à PGR

Renan, que é alvo de pelo menos nove inquéritos no STF por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato


	Janot e Calheiros: senador já havia chamado Janot de mau-caráter em outra conversa gravada por Machado
 (Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

Janot e Calheiros: senador já havia chamado Janot de mau-caráter em outra conversa gravada por Machado (Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de maio de 2016 às 10h04.

Brasília - Em conversa gravada pelo ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), admitiu ter atuado contra a recondução do atual procurador-geral da República ao cargo, aprovada no ano passado pelo Senado.

Renan, que é alvo de pelo menos nove inquéritos no Supremo Tribunal Federal por suspeita de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato, já havia chamado Janot de mau-caráter em outra conversa gravada por Machado.

O cargo de procurador-geral tem mandato de dois anos. A indicação é prerrogativa do presidente da República, mas deve ser aprovada pelo Senado. Indicado pela presidente afastada Dilma Rousseff, Janot foi reconduzido ao cargo em 2015 após conseguir 59 votos a favor contra 12 e uma abstenção no plenário do Senado. Na ocasião, Renan disse que a recondução demonstrava a "isenção" da Casa.

O áudio do diálogo de Renan com Machado foi revelado ontem pelo Jornal Hoje, da TV Globo. Na conversa, o ex-presidente da Transpetro inicia o assunto ao afirmar que o Senado não deveria ter aprovado a recondução do procurador-geral da República. "Hoje, eu acho que vocês não poderiam ter reconduzido esse b..., não. Aquele cara ali…", diz Machado no áudio.

Renan pergunta sobre a quem ele estava se referindo. "Ter reconduzido o Janot. Tinha que ter comprado uma briga ali", responde o ex-presidente da Transpetro. Renan, então, afirma que tentou barrar a recondução. "Mas eu estava só", conclui o presidente do Senado.

Delação

Temendo que seu caso fosse enviado para a primeira instância e ficasse nas mãos do juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba, o ex-presidente da Transpetro acabou aceitando fazer um acordo de delação premiada, entregar os áudios e contar o que sabe à Procuradoria-Geral da República.

A delação premiada de Machado foi homologada pelo ministro relator da Lava Jato no Supremo, Teori Zavascki. A partir de agora, Janot pode decidir quais serão os próximos passos das investigações e solicitar a abertura de novos inquéritos.

Não é a primeira vez que políticos investigados na operação criticam o procurador-geral. O ex-presidente e também senador Fernando Collor de Mello (PTC-AL) já lançou vários xingamentos a Janot.

O parlamentar foi denunciado pelo procurador, teve sua mansão revistada pela Polícia Federal e até seus veículos de luxo chegaram a ser apreendidos. Janot acusa Collor de acumular o patrimônio com dinheiro de propina.

À TV Globo, que divulgou as gravações, Renan afirmou ter agilizado a recondução de Janot ao cargo.

Na época, o presidente do Senado afirmou: "Do ponto de vista do cargo que exerço, tão logo a presidente indique o nome, seja quem for, eu despacharei para a Comissão e Constituição e Justiça. Vou combinar com os líderes para nós apreciarmos no plenário do Senado no mesmo dia que ele for apreciado pela comissão". Procurado por meio de sua assessoria, Janot não comentou o caso.

Acompanhe tudo sobre:EmpresasEmpresas brasileirasEmpresas estataisEstatais brasileirasOperação Lava JatoPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosRenan CalheirosRodrigo JanotServiçosTranspetro

Mais de Brasil

Nunes confirma encontro fechado com Bolsonaro na última semana de campanha

Chuva forte provoca apagão em São Paulo e afeta transportes públicos

STF tem dois votos contra imposto de 25% sobre aposentadoria de quem mora no exterior

Governo Lula é aprovado por 36% e reprovado por 32%, diz pesquisa Datafolha