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Renan considera "retrocesso" decisão de Executiva do PMDB

omo é que pode a Executiva querer dizer agora quem é que vai poder entrar, quem é que não vai poder entrar", criticou Renan


	Renan Calheiros: i PMDB respondeu às declarações de Renan no fim da tarde desta quarta-feira por meio de nota publicada no site do partido
 (Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Renan Calheiros: i PMDB respondeu às declarações de Renan no fim da tarde desta quarta-feira por meio de nota publicada no site do partido (Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 16 de dezembro de 2015 às 17h20.

Brasília - O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), classificou de "retrocesso" e "um horror" a decisão tomada nesta quarta-feira pela Executiva do PMDB de filtrar as filiações de deputados ao partido, que afirmou que a ação foi "democrática e legítima".

Em entrevista a jornalistas, Renan também criticou o vice-presidente da República, Michel Temer, que preside o PMDB, ao afirmar que a carta enviada por este recentemente à presidente Dilma Rousseff, na qual reclama da desconfiança do governo com o vice e o PMDB, não mostra preocupação com o Brasil.

"O PMDB é um grande partido, porque o PMDB não tem dono, é democrático, é um partido muito forte por isso. Como é que pode a Executiva querer dizer agora quem é que vai poder entrar, quem é que não vai poder entrar", criticou.

"Ou seja, o PMDB a partir dessa decisão passará a ter dono? Isso é um horror." A decisão da Executiva peemedebista vem em um momento de disputa pela liderança da bancada do partido na Câmara dos Deputados.

O ex-líder Leonardo Picciani (RJ) foi destituído pela maioria da bancada e substituído por Leonardo Quintão (MG). Com a adesão de novos deputados à legenda, Picciani poderia buscar reverter a decisão de tirá-lo da liderança.

Renan disse que Temer, como presidente do PMDB, tem a responsabilidade de garantir a união do partido e também mirou na atuação do vice quando esteve à frente da articulação política do governo Dilma, apontando que ele se preocupou apenas com a distribuição de cargos.

"Aquela carta do presidente Michel, que muitos criticaram, mas eu acho que a maior crítica que cabe à carta é que em nenhum momento ela demonstra preocupação com o Brasil", disse.

Outro importante quadro peemedebista, o ministro da Saúde, Marcelo Castro, reforçou as críticas à decisão da Executiva e a Temer.

"Como vamos julgar uma pessoa que quer entrar no PMDB? Quais serão os critérios?", indagou o ministro, em conversa com jornalistas após participar de evento na Câmara dos Deputados.

Castro disse que Temer tomou partido nas disputas internas do partido e está "francamente trabalhando" pela liderança do deputado Leonardo Quintão.

"Ele (Temer) e (o presidente da Câmara) Eduardo Cunha (PMDB-RJ) estão juntos para tirar a liderança do Leonardo Piccciani. Isso não é novidade para nenhum de vocês", disse.

Castro criticou a postura de Temer, que é presidente do PMDB, afirmando que a primeira obrigação de um presidente de partido é ser neutro nas disputas internas. "Mas não sou eu que vou ensinar o Michel Temer a fazer política", acrescentou.

O PMDB respondeu às declarações de Renan no fim da tarde desta quarta-feira por meio de nota publicada no site do partido.

"A Comissão Executiva Nacional do PMDB é órgão colegiado com plena competência para tomar decisões que preservem o partido de manobras e artimanhas que quebrem artificialmente a vontade expressa legitimamente pelas suas instâncias internas", segundo a nota.

"Neste momento, os disputantes da Liderança na Câmara dos Deputados buscavam filiar deputados transitórios apenas para assinarem lista de apoio. Isto fragilizaria o PMDB. Por isso, a decisão da Executiva de evitar tais procedimentos", acrescentou o comunicado.

No documento, o partido afirma ainda que a decisão de sua Executiva foi tomada com 15 votos a favor e dois contrários, "resultado revelador de ampla maioria. Decisão, portanto, democrática e legítima".

FITCH Renan, que falou a jornalistas depois de se reunir com o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, também comentou a decisão da agência de classificação de risco Fitch de rebaixar a nota de crédito do Brasil e tirar do país o selo de bom pagador.

"Durante o ano, em várias oportunidades, nós dissemos que o ajuste era insuficiente. Mais do que isso, propusemos uma agenda para retomada do desenvolvimento. Enquanto não fizermos isso para valer, o Brasil vai continuar pagando esse preço. Essa é a consciência que todos nós precisamos ter", disse Renan.

"Precisamos desamarrar os pés do Brasil, deixar o Brasil voltar a caminhar", afirmou o senador, que defendeu a realização de reformas estruturais e que o governo e seus programas "caibam" no Produto Interno Bruto (PIB) do país.

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