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Renan Calheiros indica mudança em regra da Previdência

Para Renan, é fundamental aprofundar o debate para que não se cometam "equívocos". A fala de Renan demonstra uma sutil mudança de postura


	Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL): Calheiros defende que a questão fiscal deve ser colocada acima de qualquer outra
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL): Calheiros defende que a questão fiscal deve ser colocada acima de qualquer outra (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2015 às 08h06.

Brasília - Um dia após a Câmara ter decidido vincular todos os benefícios da Previdência Social à política de valorização do salário mínimo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), sinalizou que a Casa pode alterar o texto da medida provisória ao afirmar que a questão fiscal tem de ser colocada acima de qualquer outra.

"Essa questão que é crucial para a sociedade brasileira. Com bom senso, com equilíbrio, com a questão fiscal colocada acima de qualquer outra questão. Vamos aguardar que a matéria chegue, reunir todos, ouvir as lideranças e, afinal, complementar o processo legislativo", declarou Renan, depois de se reunir com Dilma Rousseff no Planalto, para tratar de reforma política.

Para Renan, é fundamental aprofundar o debate para que não se cometam "equívocos". A fala de Renan demonstra uma sutil mudança de postura. Os dois estavam em rota de colisão desde que Renan teve importantes aliados retirados de cargos-chave no governo Dilma.

'Irresponsável'

O líder do governo na Casa, Delcídio Amaral (PT-MS), disse não ter dúvidas de que os senadores vão mudar o texto. "O Senado sabe que isso quebra o Brasil." O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), chamou a alteração feita pelos deputados de "irresponsável" e "perigosa" e disse que os senadores da base podem ter uma "convergência" contra a proposta, ao contrário do que ocorreu na Câmara. "O Congresso, particularmente a Câmara, conspira o tempo inteiro para que esse desequilíbrio se aprofunde", criticou.

A MP, que deve ser votada pelos senadores na próxima semana, tem de ser apreciada pelo Congresso até 7 de agosto, senão perde a validade. Se alterada, a MP volta para a Câmara.

O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse que a aprovação da emenda que vinculou a correção de todos os benefícios da Previdência à política de valorização do salário mínimo foi um "erro e esse erro precisa ser corrigido". "Se não, os sinais que vamos dar para os mercados é de um descontrole da política fiscal de uma tal maneira que não haverá medidas ou nem quem possa resolver."

Planalto

Preocupada com o rombo nas contas públicas, a coordenação política do governo vai se articular para tentar alterar o texto no Senado, apesar das resistências que sabe que serão enfrentadas com diversos parlamentares de diversos partidos.

No Planalto, a avaliação é de que a derrota não pode ser atribuída a um único partido, já que houve defecções em todas as legendas da base. Numericamente a derrota mais expressiva foi no PP, onde 18 dos 29 deputados traíram o Planalto.

Mas o governo sabe que este não será o único nem o principal problema para conseguir reverter o clima de animosidade para a votação no Senado para derrubar a emenda incluída na Câmara, e depois, na volta do texto para apreciação dos deputados.

"Precisamos costurar muito bem essa estratégia porque, senão, todo o esforço alcançado com o ajuste vai por água abaixo", comentou um dos ministros que integra a coordenação política. "Sabemos que há resistências até dentro do PT e precisaremos trabalhar para buscar todos esses votos", prosseguiu.

Tabelinha

Nas últimas votações, segundo avaliações do Planalto, Cunha não estaria atrapalhando. Mas o governo teve indicativos de que ele estaria contrariado com vetos que a presidente Dilma Rousseff teria feito na MP 668 que alterava alíquotas do PIS/Pasep, e na qual foram embutidos muitos "jabutis" e que poderia atrapalhar o Planalto por causa disso.

O fato é que o Planalto sabe que Cunha e Renan "estão fazendo tabelinha para ver quem inferniza mais a vida do governo". Colaborou Carla Araújo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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