Redatora
Publicado em 16 de setembro de 2025 às 17h38.
Última atualização em 16 de setembro de 2025 às 18h27.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o medicamento lemborexante, vendido comercialmente como Dayvigo pela farmacêutica japonesa Eisai. A medicação apresenta um mecanismo de ação diferente dos remédios tradicionais para insônia, com menor potencial de dependência.
Pesquisadores da Universidade de Oxford o elegeram como o melhor perfil de eficácia, aceitabilidade e tolerabilidade entre 36 opções avaliadas em estudo publicado na revista The Lancet.
Especialistas destacaram ao jornal O Globo que a nova classe atua bloqueando os sinais que mantêm o cérebro acordado, ao contrário dos benzodiazepínicos e das drogas Z, que reduzem a atividade do sistema nervoso central.
A dose recomendada é de 5 mg, uma vez por noite, minutos antes de se deitar, com intervalo mínimo de 7 horas antes de acordar. Caso necessário, a dose pode ser aumentada para 10 mg, segundo a Anvisa. A aprovação é destinada apenas a adultos.
Benzodiazepínicos e drogas Z, como zolpidem e clonazepam, são amplamente usados desde a década de 1960, mas podem causar dependência, déficit cognitivo e efeitos adversos graves, como sonambulismo ou paradas respiratórias, especialmente quando combinados com álcool.
Estudos clínicos indicam que o lemborexante tem menor risco de dependência e efeitos colaterais. Segundo especialistas, ele pode preencher uma lacuna terapêutica no Brasil, oferecendo uma alternativa segura.
Medicamentos como eszopiclona, também com baixo risco de dependência, aparecem como comparáveis ao lemborexante.
Dados do Instituto do Sono indicam que duas a cada três pessoas apresentam dificuldade para dormir, enquanto cerca de 15% têm diagnóstico formal de insônia crônica.
A terapia inicial prioriza mudanças de hábitos, como higiene do sono, prática de exercícios, redução de cafeína e álcool, e técnicas da Terapia Cognitivo-Comportamental para Insônia (TCC-I).
Ainda assim, 8,5% da população brasileira, cerca de 18 milhões de pessoas, utilizam medicamentos para insônia. Em 2024, foram comercializadas quase 16 milhões de caixas de zolpidem, número três vezes maior do que há dez anos, de acordo com dados divulgados a pedido do jornal.
Com isso, especialistas reforçam que o tratamento medicamentoso deve ser usado pontualmente ou por períodos curtos, com dose menor e monitoramento médico, principalmente para pacientes com menos de 6 horas de sono por noite e prejuízos na funcionalidade diária.