Brasil

Religiosos querem debater aborto em casos de microcefalia

A posição vai de encontro à posição da CNBB, que afirmou na semana passada que o aumento do número de casos de microcefalia no País não justifica a medida


	Bebês: o Conic reúne integrantes de igrejas católicas, anglicanas, luteranas, presbiterianas e ortodoxas
 (Philippe Huguen/AFP)

Bebês: o Conic reúne integrantes de igrejas católicas, anglicanas, luteranas, presbiterianas e ortodoxas (Philippe Huguen/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de fevereiro de 2016 às 19h14.

Brasília - Após encontro com a presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira, 10, líderes religiosos defenderam que é preciso debater com a sociedade a descriminalização do aborto em meio à epidemia de zika.

A posição vai de encontro à posição da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que afirmou na semana passada que o aumento do número de casos de microcefalia no País não justifica a medida.

Segundo integrantes do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (Conic), o assunto não foi tratado na reunião com a presidente e ainda não há consenso sobre o tema entre os diversos grupos religiosos que integram o conselho.

"Precisamos, sim, com urgência tratar da questão, mas não temos nenhuma discussão feita ainda", disse dom Flávio Irala, presidente do Conic e bispo da Igreja Anglicana.

Para Joel Zeferino, pastor da Igreja Batista Nazareth, é preciso incluir neste debate as mulheres de baixa renda, que muitas vezes têm de recorrer a clínicas de abortos ilegais em condições precárias.

"Nós não temos uma posição em torno do aborto. Entendemos que tem que ser uma questão debatida com a sociedade, mas não dá para ignorar o assunto e é preciso empoderar as mulheres nessa discussão", afirmou.

Segundo os dois religiosos, durante o encontro, Dilma pediu ajuda das igrejas de todo o País no combate ao mosquito Aedes aegipty, transmissor não só da zika, como também da dengue e da chikungunya.

O Conic reúne integrantes de igrejas católicas, anglicanas, luteranas, presbiterianas e ortodoxas.

Na semana passada, a presidente já havia se encontrado com representantes do CNBB para debater o assunto.

Outro tema abordado foi a campanha da fraternidade de 2016, lançada nesta quarta-feira pela CNBB, com apoio das congregações do conselho. Neste ano, a iniciativa terá como foco o saneamento básico.

Acompanhe tudo sobre:AbortoDilma RousseffDoençasPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresZika

Mais de Brasil

Ações isoladas ganham gravidade em contexto de plano de golpe, afirma professor da USP

Governos preparam contratos de PPPs para enfrentar eventos climáticos extremos

Há espaço na política para uma mulher de voz mansa e que leva as coisas a sério, diz Tabata Amaral

Quais são os impactos políticos e jurídicos que o PL pode sofrer após indiciamento de Valdemar