Brasil

Relator retira criminalização do caixa 2 da reforma política

Vicente Cândido tinha anunciado a inclusão do tema na noite de segunda-feira, 3, mas resolveu retirá-lo após reunião com líderes partidários e Rodrigo Maia

Vicente Cândido: a proposta do relator da reforma política tipificava o caixa 2, com pena de 2 a 4 anos (Vicente Cândido/Divulgação)

Vicente Cândido: a proposta do relator da reforma política tipificava o caixa 2, com pena de 2 a 4 anos (Vicente Cândido/Divulgação)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de abril de 2017 às 17h33.

Brasília - O relator na comissão especial da reforma política na Câmara, deputado Vicente Cândido (PT-SP), decidiu retirar de seu parecer que será apresentado na tarde desta terça-feira, 4, a tipificação do crime de caixa 2.

O petista tinha anunciado a inclusão do tema em seu relatório na noite de segunda-feira, 3, mas resolveu retirá-lo após reunião com líderes partidários e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), nesta manhã de terça.

A proposta de Cândido tipificava o caixa 2, com pena de 2 a 4 anos. Segundo ele, o parecer não incluiria a anistia explícita a quem cometeu a irregularidade.

A anistia chegou a ser articulada durante a discussão do projeto das 10 medidas de combate à corrupção na Câmara, no fim do ano passado, mas não prosperou, após repercussão negativa, que fez com que nenhum deputado quisesse assumir a autoria da proposta.

Atualmente, o crime de caixa 2 não está previsto no Código Penal brasileiro. Com a ausência de tipificação, investigadores da Operação Lava Jato estão enquadrando os praticantes do ato em outros crimes, como lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

Mesmo sem a anistia explícita, a tipificação abriria brecha para anistia. Isso porque há uma interpretação jurídica de que políticos não podem ser punidos por atos cometidos no passado, quando a prática não era criminalizada.

Em entrevista após a reunião com o relator, o presidente da Câmara tinha defendido a retirada da tipificação do crime de caixa 2 do relatório da comissão especial da reforma política.

Para Maia, não há necessidade de tratar do tema no colegiado, pois o assunto já foi votado no pacote das 10 medidas de combate à corrupção, que já foi aprovado pelos deputados e está parado no Senado.

No parecer, Cândido vai propor a adoção do sistema de eleição de parlamentares por meio da chamada lista fechada; o fim da reeleição para prefeitos, governadores e presidente da República; o fim das coligações em eleições proporcionais e a criação de um fundo eleitoral de R$ 2,185 bilhões abastecido com recursos públicos.

Outra proposta que constará no parecer é estabelecer mandato de 10 anos para ministros e membros de tribunais, como o Supremo Tribunal Federal (STF), que entram por meio de indicações políticas.

Acompanhe tudo sobre:Câmara dos DeputadosReforma políticaRodrigo Maia

Mais de Brasil

Para especialistas, reforma tributária pode onerar empresas optantes pelo Simples Nacional

Advogado de Cid diz que Bolsonaro sabia de plano de matar Lula e Moraes, mas recua

STF forma maioria para manter prisão de Robinho