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Relator cita delação de Santana para explicar dívidas eleitorais

Herman Benjamin citou o caso de João Santana e Mônica Moura, para dar o exemplo de como os partidos vinculavam as dívidas de uma eleição com a seguinte

Herman Benjamin: "Para mim, no estado de Direito, valor mais educativo é a aplicação da lei" (Reuters/Ueslei Marcelino/Reuters)

Herman Benjamin: "Para mim, no estado de Direito, valor mais educativo é a aplicação da lei" (Reuters/Ueslei Marcelino/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 8 de junho de 2017 às 20h27.

Brasília - O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Herman Benjamin disse que os autos do processo de julgamento da chapa Dilma-Temer revelam como a captação de recursos ilícitos ocorria de uma eleição para outra, de maneira interligada.

Benjamin citou o caso do publicitário João Santana e sua esposa, Mônica Moura, para dar o exemplo de como os partidos vinculavam as dívidas de uma eleição com a seguinte.

"É evidente vinculação de campanha anterior com seguinte", explicou o magistrado.

O relator do processo no TSE explicou que, muitas vezes, os publicitários cobravam valor superior ao normal porque já sabiam que só receberiam os pagamentos com recursos coletados no pleito seguinte.

O ministro também falou sobre o valor educativo do processo que é considerado o mais importante da história da Corte.

Isso depois que o presidente do TSE, Gilmar Mendes, elogiou o trabalho de Benjamin chamando seu parecer de "estudo".

O relator do processo rejeitou a classificação e argumentou:

"Para mim, no estado de Direito, valor mais educativo é a aplicação da lei".

Contas

Benjamin rebateu reclamação da defesa da presidente cassada Dilma Rousseff sobre o uso do depoimento dos ex-marqueteiros do PT João Santana e Monica Moura no julgamento da ação que pede a cassação da chapa eleita em 2014.

Em manifestação na tribuna da corte, o advogado Flávio Caetano afirmou que os depoimentos dos ex-marqueteiros são mentirosos e que, mesmo quando admitiram caixa 2, se referiam à campanha de 2010, que não é o foco desta ação. Disse, ainda, que o que está sendo julgado são irregularidades envolvendo os candidatos, não os partidos.

"Pouco importa se partidos não são réus nesta ação. O que estamos dizendo é que as contas de partidos e as de campanha se confundem", respondeu Herman, retomando seu argumento de que o esquema de corrupção na Petrobras beneficiou a chapa de Dilma e Temer nas eleições de 2014.

"As contas do fundo partidário e de campanha se confundem."

"É uma visão distinta de interpretação dos mesmos fatos", afirmou o relator do processo.

Abuso de poder

A indiferença, frieza e tom de normalidade no depoimento prestado pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco à Operação Lava Jato surpreenderam o ministro relator Benjamin.

Durante leitura de seu parecer, Benjamin afirmou que ficou "impressionado" com a postura de Barusco ao descrever os esquemas de corrupção na estatal.

Benjamin reconheceu que houve, de fato, abuso de poder político durante as eleições de 2014.

Esse é o principal argumento da petição inicial apresentada pelo PSDB após a vitória da coligação formada por PT e PMDB.

Benjamin explicou que esse abuso se deu, principalmente, por pagamentos via caixa 2 a marqueteiros.

O presidente do TSE, Gilmar Mendes, aproveitou a exposição para dizer que ou os órgãos de controle foram corrompidos "ou falharam de forma retumbante" na fiscalização.

Ele lembrou que a Operação Lava Jato nasceu a partir da descoberta de um esquema de corrupção gestado num posto de gasolina, em Brasília.

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